O surfista porto-alegrense Pedro Aguiar, também conhecido como Pedro “Manga” ou Pedro, vem seguindo um objetivo em seus últimos cinco anos de vida: uma busca pelo planeta atrás de ondas perfeitas. Por curiosidade, ficou conhecido quando sofreu uma homérica vaca.

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Vaca na linguagem do surfe é o caldo, o tombo, quando o surfista não consegue ficar em pé sobre a prancha na onda e é engolido pelo mar. O gaúcho estava em Puerto Escondido, no México, em agosto de 2005, quando enfrentou uma onda estimada em 15 pés (cerca de 4m50cm) e caiu. Por coincidência, foi filmado pelo pessoal da Que!, uma produtora especializada em vídeos do esporte. Após assistirem às imagens, os jornalistas da Revista Fluir deram a ele o prêmio de “Vaca Mais Sinistra”.

– Acho meio estranho isso tudo. Os caras casca-grossa, que respeito, agora sabem quem eu sou e me reconhecem – contou.

Não faltou a Pedro empenho para obter o reconhecimento – mesmo sendo ele um adepto do freesurfe, ou seja, ele não compete. Depois de começar a surfar aos 10 anos por influência do tio, o jovem passou a adolescência focado em procurar as melhores ondas do mundo.

Acabou o Ensino Médio, foi aprovado no vestibular de Administração, mas cursou apenas o primeiro semestre na UFRGS. Trancou a faculdade e, com 17 anos, comunicou aos pais a idéia de partir em uma jornada pelos templos do esporte. Passou por Califórnia, Havaí, Austrália, Indonésia, México e Taiti, até a decisão de voltar à Capital no último mês de agosto, aos 23 anos.

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– Fechei um ciclo. Depois de estar no Taiti, o Everest do surfe, não tinha mais para onde ir. Me senti com a cabeça feita. Voltei também para curtir minha família – explicou.

Mas a verdade é que Pedro passou por muitas privações durante a viagem. Trabalhou lavando carros, pratos e na construção civil. Em lugares menos povoados, vivia da pesca. Em Puerto Escondido, por exemplo, dormiu “pelos cantos” da propriedade de uma família, ao relento, quando não tinha mais dinheiro para pagar o aluguel. Como era a época da manga no México, enchia um saco com a fruta e passava comendo durante o dia, na praia. Ganhou o apelido quando um fotógrafo bradou: – Cara, tu tá fedendo a manga.

Pedro talvez ainda conte estas e outras de suas muitas histórias em alguma publicação ou na Internet. Já tem mais de cem páginas escritas no computador com suas memórias. Trabalho que será paralisado logo em dezembro, quando cai na estrada de novo: em parceria com a marca de roupas Freesurfe, e com o apoio da fábrica de pranchas Auckland, voltará para uma temporada de três meses no Havaí. O objetivo é o mesmo: surfar os melhores e maiores mares que rolarem na temporada. Mais vacas à vista para deixar a “casca” de Pedro ainda mais grossa.