Para a publicitária Fernanda Toniazzi, gatos são a escolha perfeita para gente bem resolvida. Independentes, limpos e organizados, os dois gatos da raça persa que ela cria há 10 anos são a companhia ideal para alguém com um estilo de vida como o dela. E, de quebra, fornecem à dona doses extra de amor, carinho e parceria.
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Fernanda decidiu ter gatos quando se mudou para um apartamento pequeno. Em função da falta de espaço e da rotina atribulada da agência de publicidade em que trabalhava, ter um cachorro estava fora de questão.
– Aí eu estava passando na frente de um pet shop e vi os dois. Já estavam meio grandinhos, achei que ninguém ia querer mais comprá-los. Fui lá e fiquei com eles. Foi a melhor coisa que eu fiz.
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Os dois filhotinhos logo cresceram e adaptaram-se perfeitamente à rotina atribulada da dona, que além de passar longos períodos fora de casa, também viaja bastante.
– Eles são super independentes, administram a comida, brincam com as coisinhas deles, usam a caixa de areia, tudo certo. Quando eu chego em casa, me esperam na porta, miando, loucos por um carinho. É bom demais – derrete-se.
Por serem tão independentes, sabem a hora certa de se achegar para ganhar carinho do dono. E não estão sempre dispostos a interagir. Enquanto a reportagem de Donna esteve no apartamento de Fernanda, a fêmea topou posar para as fotos durante uns três minutos. Depois disso, incomodou-se com as lentes do fotógrafo Bruno Alencastro e correu para trás da geladeira. Ninguém mais a viu.
– É por isso que eu digo que eles são companhia para gente bem resolvida. Eles nos procuram na hora que desejam, para nos dar o carinho e a companhia. Mas não conseguimos obrigá-los a fazer o que não querem. O dono precisa saber lidar com isso e respeitar o gato – explica Fernanda.
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Foto: Bruno Alencastro
Esse respeito, segundo ela, vale a pena. O tamanho do amor que os bichanos entregam é tão grande quanto o de um cão. Apenas a forma de demonstrar o sentimento é que difere. Depois de aprender a lidar com esse jeito particular dos gatos, a convivência torna-se um alento.
Trabalhando em home office há algum tempo, Fernanda festeja os momentos que passa em casa, na silenciosa companhia dos seus bichinhos.
– Adoro tê-los por perto, pois parece que me entendem, sabem o que eu estou sentindo e ficam ali, do meu lado.
“É preciso respeitar o espaço deles”
Ele começou com os cães da Base Aérea de Santa Maria e se apaixonou pelo ofício de ajudar os animais a conviver de forma mais harmoniosa com as pessoas por meio do adestramento. Há algum tempo, descobriu que seu talento também funcionava com os gatos. Hoje, Luís Eduardo Hadlich ainda tem que explicar o que faz um adestrador de gatos, mas garante que a profissão está sendo mais conhecida a cada dia. E mais procurada também.
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#GatosnoDonna
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Donna – É possível adestrar um gato?
Luís Eduardo Hadlich – É, sim. Eles aprendem quais comportamentos devem ser evitados e até alguns truques. Mas meu trabalho, por enquanto, tem sido somente com gatos traumatizados e com problemas de socialização.
Donna – Qual é a atitude mais importante para conviver com gatos?
Hadlich – É preciso respeitar o espaço deles. Não se pode obrigar um gato a interagir, pois isso o deixará estressado e até agressivo. Se ele quer sair do colo, deixe. Quer se esconder? Não impeça. Esses são os mecanismos de defesa de gatos inseguros e estressados. Tente socializá-los aos poucos, oferecendo comida e estimulando as brincadeiras. Em pouco tempo, seu gato estará mais manso.
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Donna – O que é mais importante para o bem-estar do gato no dia a dia?
Hadlich – O ambiente para eles é fundamental, pois são animais organizados e muito higiênicos. Colocar a caixa de areia próxima da comida, por exemplo, vai gerar insegurança no animal, que vai deixar de lado a refeição ou a areia. Também é preciso ter estímulos para que eles pratiquem a sua curiosidade natural, como brinquedos. E para corrigir maus comportamentos, a violência nunca é indicada. Experimente um borrifador de água. Quando ele subir na mesa, borrife um jato. Eles aprendem rapidinho.
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Eu e meus gatos
Quando eu era criança, meus irmãos e eu não podíamos ter animais de estimação. O pai, naquele proverbial excesso de zelo judaico, dizia que os bichos transmitiam doenças, que tinham pulgas, que davam vermes. Um horror.
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Foi a mãe que me apareceu com o primeiro gato que eu vi bem de perto – e eu já estava até casada. Aquele gato, o Bartô, ficou morando conosco, mesmo que me parecesse que eu estava descumprindo alguma determinação paterna. Ao longo do tempo, o Bartô me ensinou várias coisas. A fineza de fazer seu xixi na areiazinha dele e cobrir tudo. A delicadeza de comer um pedacinho por vez. A leveza de grandes saltos no ar. A agilidade nas correrias pela casa. A mimosura de ficar amassando o lugarzinho antes de dormir. O asseio em caprichados banhos. Foi o Bartô que me mostrou o apuro equilibrista ao andar por cima dos armários, o carinho demonstrado ao ficar se enroscando nas minhas pernas e a nobreza doce do silêncio e da independência. O Bartô foi o primeiro ser de quatro patas a ter a consideração de estar sempre por perto e, com olhos lentos, se contorcer em poses improváveis e ronronar incessante. Lei da vida, com aquele bichano revivi a dor da perda e me convenci que tudo tem um fim.

Foto: Adriana Franciosi
Outros gatos vieram, assim como vieram cachorros grandes e cachorrinhos pequenos, que felizmente ainda estão comigo. Não posso dizer que prefiro gatos a cachorros ou vice-versa, mesmo porque posso ter o melhor de dois mundos. Sempre que observo meus bichos – o estabanado dos cachorros, a placidez dos gatos -, me vem o receio de que o pai talvez tenha perdido essa oportunidade de convivência e de incondicional alegria. Mas como ainda me sinto protegida pelos cuidados que tive na infância e como a harmonia do mundo vem de só poder dar quem recebe, desfruto desse amor em paz que une gente e bicho. O afeto é sempre perfeito, não importa se antes ou agora, se lá ou cá ou se em duas ou quatro patas.