Joinville perdeu um dos seus mais tradicionais endereços gastronômicos. A Choperia e Restaurante Sopp, fundada em 23 de setembro de 1986, fechou as portas.
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Ao longo de quase 30 anos, o Sopp embalou reuniões familiares e de executivos, consolidando-se como um dos principais pontos de encontro da elite econômica e política da cidade. Uma geração inteira de joinvilenses e visitantes conheceu e degustou, entre outros pratos, o famoso “Peixe à Sopp” e a Hackepeter preparada no local.
O nome do estabelecimento foi uma opção pelo resgate do extinto Sopp que havia no Centro da cidade e era um restaurante conhecido na pacata Joinville dos anos 60-70.
Nos anos 90, e até meados da década seguinte, era muito comum empresários comemorarem negociações ou apenas trocarem ideias com clientes por lá. Os endinheirados e os aspirantes, além dos que se diziam “na moda”, frequentavam habitualmente o endereço da rua Marechal Deodoro, 640, na esquina com a rua Jaraguá, no valorizado bairro América. O ex-prefeito Wittich Freitag morava a três quadras de distância. Foi uma das muitas lideranças locais a frequentar o Sopp.
Os anos 90 e o início da década seguinte foram dourados para o empreendimento. Natural, já que não havia concorrência para o padrão oferecido à época. O primeiro shopping, o Mueller, só foi inaugurado em 1995, e a Via Gastronômica surgiu e se consolidou bem depois.
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Enquanto Darci Koentopp geriu o Sopp, o negócio se manteve em pé, apesar de, já há algum tempo, ter perdido o glamour de antes. Lutando contra o câncer de próstata, o empreendedor teve de se afastar do projeto que criou.
Carmen, a mulher, chegou a chorar ao decidir pelo fechamento. Agora, ela vai dedicar o seu tempo ao marido. A família pretende vender o local, ou até mesmo arrendá-lo. Os três filhos do casal têm outros projetos profissionais.
“É uma grande perda”, avalia o setor
O fechamento do Sopp pegou de surpresa o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Joinville, Bernardo Kuerten.
– É uma grande perda para Joinville – lamenta Kuerten.
O empresário Ely Diniz, sócio-diretor da EDM Logos, chegou a Joinville em 1987, quando o Sopp era o point da cidade.
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– Fiz muitas reuniões e festejamos muitos negócios ou apenas conversávamos com clientes lá. Tinha aqueles pratos de comida típica alemã… Foi um marco gastronômico.
Diniz avalia que três fatores contribuíram para o encerramento das atividades do restaurante: a concorrência forte e qualificada da última década; a dificuldade do Sopp se renovar como alternativa de lazer; e o endereço do empreendimento, fora do eixo gastronômico recente e contemporâneo da cidade.
Opinião: “É muito triste vê-lo desaparecer”
Professor do Colégio Bom Jesus, pude ainda curtir os últimos anos do velho Sopp, sentado à mesa com figuras como Fritz Alt, Miraci Deretti, J.J. Pulls, Ronaldo Kavanagh, Carlos Adauto Vieira, Ciro Ehlke e outras expressões na época da intelectualidade e do movimento artístico de Joinville.
Senti muito quando o velho Sopp fechou e me alegrei quando Darci e Carmen abriram o novo Sopp, que tornou-se uma tradição da noite joinvilense, servindo pratos típicos que conservaram durante décadas a tradição culinária germânica que os imigrantes nos trouxeram.
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O Sopp passou a ser uma referência de convivência da família joinvilense e também um ponto de atração turístico-culinário de nossa cidade. É muito triste vê-lo desaparecer…
Quem sabe alguém como a Carmen e o Darci levem à frente essa tradição e criem um novo Sopp, que é a expressão do nosso “jeito de ser joinvilense”?
Luiz Henrique da Silveira, senador