Nem a alta do dólar conseguiu conter os gastos dos brasileiros no exterior. No mês de agosto, os turistas deixaram lá fora US$ 2,227 bilhões _ ou 15,80% a mais que em agosto do ano passado _ número considerado recorde para o período.

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Os dados foram divulgados ontem pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, ao apresentar o Relatório do Setor Externo referente ao mês passado.

Enquanto os brasileiros gastam mais no exterior, os estrangeiros deixam menos dólares no Brasil. Segundo informações da Agência Brasil, a receita com turistas estrangeiros no Brasil foi US$ 517 milhões (4,6% a menos que os US$ 542 milhões de igual mês de 2012), deixando um déficit no país de US$ 1,710 bilhão no mês.

O saldo negativo de agosto foi maior do que no mesmo mês de 2012, deficitário em US$ 1,381 bilhão. No acumulado de 2013, o déficit da conta de viagens soma US$ 12,233 bilhões ante US$ 10,076 bilhões negativos há um ano.

Conforme o relatório do BC, o saldo de remessas de lucros e dividendos ficou negativo em US$ 1,982 bilhão em agosto. No mesmo mês do ano passado, houve uma saída líquida de US$ 2,523 bilhões. No acumulado dos oito primeiros meses, o saldo está negativo US$ 17,299 bilhões, ante US$ 14,223 bilhões de déficit visto em igual período de 2012.

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Compras são planejadas e viagens são parceladas

Essa situação, no entanto, foi verificada também em julho, quando as despesas somaram US$ 2,214 bilhões e as receitas ficaram em US$ 539 milhões _ com déficit mensal de US$ 1,674 bilhão. Números próximos a agosto, e pelas contas de Túlio Maciel, o ritmo de gastos foi mantido em setembro, pois até a última sexta-feira (20) o déficit com turismo no mês somava US$ 1,207 bilhão.

– Não temos observado desaceleração de gastos com viagens, disse.

Maciel não falou sobre as causas que levam os brasileiros a gastar tanto no exterior. Mesmo indagado sobre a situação de o turismo interno caro, com preços proibitivos da rede hoteleira doméstica, que desestimulam o turismo doméstico, ele afirmou que não dá para fazer um retrato do momento com base na valorização cambial, uma vez que muitas compras são planejadas com bastante antecedência e os desembolsos para a viagem são em parcelas mensais.