Monitoramento, escutas telefônicas, câmeras de vigilância, treinamentos, estratégias de combate ao crime, integração entre setores da segurança e da Justiça. As operações montadas a partir da primeira onda de atentados que tomou SC no fim de 2012 elevaram em cerca de cinco vezes os gastos com informação e inteligência policial no Estado, área que até então funcionava com um orçamento mínimo.

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Os dados fazem parte do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado na íntegra nesta terça-feira pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O fórum reúne especialistas na área, universidades e membros de governos estaduais, e realiza diversas pesquisas e ações na área da segurança.

O aumento de investimentos na inteligência catarinense em 2013 representa, percentualmente, o segundo maior do país, ficando abaixo apenas de Goiás. Mesmo assim, a quantia representa uma pequena parte do total.

No ano passado, foram despendidos R$ 779,1 mil para a inteligência em SC – 0,05% do total de investimentos em segurança pública no Estado, que chegaram a R$ 1,56 bilhão. Só o policiamento consumiu R$ 116,7 milhões em recursos, ou quase 150 vezes mais que a inteligência.

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Investigação repercute menos que policiamento

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de SC, o aumento nos gastos é consequência da primeira onda de atentados que tomou SC em novembro de 2012. A pasta, via assessoria, credita a cifra elevada a diversos fatores, como a aquisição de equipamentos de ponta e amplo investimento nas Centrais Regionais de Emergências, além da intensificação dos treinamentos e cursos de especialização.

Em 2013, o gasto médio com segurança pública foi de R$ 234,79 para cada catarinense. A secretaria ainda acredita que o investimento em 2014, tanto no setor de inteligência quanto na segurança pública como um todo, seja igual ou maior que o do ano passado.

Mestre em Ciência Jurídica e professor da Univali, Alceu de Oliveira Pinto Júnior relaciona o crescimento de investimentos ao “susto” que o Estado tomou na primeira onda de atentados, e não acredita que o investimento volte a subir em 2014. Para ele, os gastos mais pesados no setor de inteligência – criação de salas de controle, a instalação de câmeras de vigilância e integração entre polícias e Judiciário, por exemplo – foram feitos no ano passado.

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– Investir em inteligência é como construir esgoto. Como a função da inteligência é evitar crimes, acaba sendo um investimento que não aparece para a população e não tem repercussão política. Faz muito melhor para a imagem pública comprar um monte de viaturas e deixá-las estacionadas com o giroflex ligado na esquina – pontua o professor.

Violência ceifa um em cada R$ 20 bilhões produzidos

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que o país perde 5,4% do Produto Interno Produto (PIB), a cada ano, como reflexo da criminalidade. Em 2013, isso significou R$ 258 bilhões.

Entre os principais custos estão R$ 61,1 bilhões aplicados em segurança pública, R$ 36 bilhões com seguros contra roubos e furtos e R$ 114 bilhões para as famílias dos assassinados.

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O ritmo de investimentos brasileiros no setor de segurança, 1,26% do PIB, é similar ao dos EUA, que investe 1%, e à União Europeia, 1,3%. Porém, a taxa de homicídios no Brasil é de 24,8 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto os norte-americanos vivenciam taxa de 4,7 e europeus, 1,1 mortes por 100 mil.

A letalidade das polícias também é assunto no Anuário. Elas matam seis pessoas por dia, cinco vezes mais do que nos EUA.