Uma reestruturação feita pela Secretaria de Educação tem gerado polêmica entre professores de informática e pais de alunos das escolas municipais de Gaspar. De acordo com um grupo de docentes que preferiram não se identificar, 15 profissionais que atuavam em caráter temporário até dezembro não tiveram os contratos renovados para o ano letivo que começa quarta-feira.
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A proposta da prefeitura é que os laboratórios onde os alunos tinham aulas de computação sejam utilizados somente para complementar as matérias previstas na grade curricular ou para que o corpo docente faça pesquisas pedagógicas. A justificativa é a chegada de 124 telas interativas ao município.
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Sem professores de informática, alunos do ensino infantil até o 9º ano do fundamental das 15 escolas do município não terão mais a disciplina. Para suprir a necessidade de contato com a tecnologia, a secretária de Educação Marlene Almeida explica que cada sala de aula do ensino fundamental receberá uma tela interativa. No aparelho – uma espécie de lousa projetada com acesso à internet – é possível, por exemplo, fazer apresentações em 3D para analisar o corpo humano e estudar geografia com ajuda de mapas feitos por satélite em sites como o Google Maps ou Google Earth.
O professor vai manusear o equipamento e, se achar necessário, pode pedir ao aluno que interaja com o dispositivo. Mais tarde, diz a secretária, o ensino infantil também contará com a novidade. Ela revela que já foram entregues 43 telas, e outras 81 estão sendo licitadas. O investimento é de cerca de R$ 320 mil e a previsão é de que todas as lousas estejam instaladas nas salas de aula até março.
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– Estamos encarando como uma mudança positiva, já que os computadores já estão obsoletos e logo vão sair de linha. E garanto que não existe um aluno do ensino fundamental que não saiba ligar ou mexer num computador – opina.
Pais e docentes não concordam com mudanças
Os professores farão um curso intensivo para aprender a mexer nas telas. Além disso, as unidades de ensino integral continuarão a ter educadores para aulas de informática. Por meio de concurso público realizado ano passado, dois profissionais já foram contratados e outros quatro serão integrados.
Presidente da Associação de Pais e Professores (APP) da Escola Básica Municipal Norma Monica Sabel, na Margem Esquerda, e mãe de um dos alunos, Luciana Sansão não concorda com a decisão da prefeitura. Além da mudança no método pedagógico, ela lamenta a falta de mão de obra para solucionar eventuais problemas técnicos:
– Antes a gente tinha o professor de informática para consertar o computador caso quebrasse ou a rede de internet se caísse o sinal. Agora vamos ter que abrir chamado na Secretaria e depender deles para resolver esse tipo de impasse. Se tiver que fechar boletim e demorar dias, como vamos fazer?
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Para um dos ex-professores, a perda será dos próprios estudantes, já que os docentes transmitiam conteúdo de informática e internet, além de noções básicas sobre a manutenção dos computadores.
– Já acionamos o sindicato (dos Trabalhadores do Serviço Público de Gaspar) e o Ministério Público para saber se já há irregularidades nos desligamentos. Também fizemos um abaixo-assinado que já tem mais de 200 assinaturas – afirma.