Enquanto o governo projeta a adoção de tarifas de energia mais baratas como forma de ajudar a alavancar o PIB nacional, a realidade indica a tendência de um aumento de 4% no preço do gás natural em janeiro. E mais: outro reajuste, de 8%, está sendo previsto para julho de 2020, conforme chamada pública da SC Gás, responsável pela distribuição do produto no Estado.
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A aprovação das tarifas ainda depende da agência reguladora. A chamada pública e a rodada de negociação envolvem também os estados de Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso.
— Não é uma situação linear. O contrato de suprimento do gás natural em Santa Catarina, assinado nos anos 1990, está passando por atualização. O gás em Santa Catarina já está até 40% mais barato do que em outros Estados — argumenta gerente comercial da SC Gás, Samuel Schmitz, em entrevista ao Estúdio CBN Diário.
Santa Catarina tem hoje a quarta maior rede implantada do país, com 1,2 mil quilômetros de extensão. O Estado é o segundo com mais municípios atendidos, atrás apenas de São Paulo, onde o gás natural é usado há mais de 100 anos. O volume de vendas para uso em veículos é o terceiro do país, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), porém, lembra que o gás brasileiro é um dos mais caros do mundo. O presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc Otmar Müller, disse o valor médio é de US$ 12 (MMBTU) contra US$ 3,13 (MMBTU) nos Estados Unidos, US$ 7 (MMBTU) no México e US$ 6,62 (MMBTU) em parte da Europa, comparou. O gás natural brasileiro vem da Bolívia, por meio de um gasoduto.
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O cenário para o futuro indica redução no custo da energia como forma de alavancar o crescimento do PIB. A expectativa é de que as mudanças em curso no mercado da energia abram caminho para tarifas menores, mais fornecimento e melhor distribuição.
— O gás natural também é fonte de energia. Uma das ferramentas é abrir o mercado de gás para novos players, num mercado hoje dominado pela Petrobrás — projeta Samuel Schmitz.
O gerente afirma que as intenções feitas pelo governo federal são bem vistas pela cadeia do gás, mas não há prazos.
— O que nunca se diz é quando. As intenções precisam ser transportadas para a prática para que tenhamos efeito na ponta, que é o consumo.
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Frente parlamentar defende o gás
Na última quarta-feira (23), na Fiesc, a SC Gás participou do lançamento da Frente Parlamentar da Competitividade do Gás Natural Catarinense, pela Assembleia Legislativa.
— Há espaço para a cadeia de gás ser mais competitiva — afirmou o presidente da Câmara de Assuntos de Energia da FIESC, Otmar Müller, durante seminário em que a frente foi lançada.
— Estamos muito deslocados em relação ao custo do mercado internacional de gás _ disse, lembrando que o país vive um momento histórico, com a abertura desse mercado para torná-lo mais competitivo e a meta do governo federal de redução de até 30% nas tarifas, no médio e longo prazos.
— Mas em Santa Catarina enfrentamos um momento adverso, com a perspectiva de aumento do preço da tarifa para 2020 — alertou Müller.
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Há uma chamada pública da SC Gás e distribuidoras de outros estados em andamento para buscar novos fornecedores do insumo a partir de março do próximo ano, quando se encerra o contrato de suprimento da distribuidora catarinense com a Petrobras.
A renovação do contrato com a Petrobras implicará aumento do preço por conta de uma nova política de mercado aplicada pela estatal brasileira. A previsão de reajuste é de 4% em janeiro e de 8% em julho, conforme estimativas da SC Gás. Otmar também chamou a atenção para o limite da capacidade do gasoduto.
— Só não tivemos problemas com o volume de gás por conta da recessão. Temos a necessidade de construção de novos gasodutos ou a repotencialização do gasoduto existente.
O coordenador da Frente Parlamentar, deputado Luiz Fernando Vampiro, disse que a iniciativa busca chamar a atenção do parlamento, da sociedade, governo e setor produtivo para a questão do gás.
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— O gás é um poderoso energético para o desenvolvimento. Os países onde ele é utilizado ganham destaque. As grandes marcas da indústria catarinense encontram no gás fonte de competitividade para os negócios.