Alexandre Gallo é o coordenador das categorias de base da CBF. Em 2016, ele será o treinador da Seleção Brasileira na Olímpiada no Rio de Janeiro. O treinador trabalhou em Santa Catarina duas vezes: em 2008, comandou o Figueirense no título Catarinense; em 2011, não conseguiu tirar o Avaí da zona do rebaixamento da Série A.

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Diário Catarinense: Qual a sua avaliação sobre as categorias de base dos times de Santa Catarina?

Alexandre Gallo: Os clubes são organizados, trabalham dentro de suas capacidades e fazem um bom trabalho. O Figueirense e o Criciúma inclusive tiveram bons resultados recentemente. A gente tem acompanhado isso, principalmente em competições de alto rendimento. O importante para a gente não é ver os atletas em competições estaduais, mas em disputas mais difíceis contra adversários de alto nível.

DC: Vocês já fizeram dois encontros com os profissionais das categorias de base dos clubes brasileiros. O que é passado para eles?

Gallo: O terceiro encontro será no dia 27 de outubro na nova sede da CBF, no Rio de Janeiro. Primeiramente passamos a nossa filosofia de trabalho, o que a gente queria. Procuramos esclarecer pontos da questão técnica para eles entenderem o que queremos dos atletas e qual o perfil que vamos convocar. No primeiro encontro tivemos 46 clubes presentes. Foi importante.

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DC: Como vocês fazem para acompanhar o que é feito no Brasil e analisar os atletas?

Gallo: Nós somos em seis pessoas na comissão técnica. Nos dividimos em duplas e vamos a todas as competições interestaduais e a algumas finais de estaduais. Na última semana estivemos na final do Campeonato Carioca Sub-20. A gente sempre procura estar nessas finais, mas a nossa prioridade são as grandes competições nacionais. Nós também tivemos quatro encontros sobre preparação física, inclusive um foi em Santa Catarina. Convidamos todos os times do Estado. E vamos continuar em outros estados.

DC: Esses encontros de preparação física são para padronizar o trabalho?

Gallo: Padronizar não, nós passamos algumas coisas de vanguarda. Não queremos padronizar ninguém e queremos mostrar o que fazemos na Seleção e discutir, escutar e dividir experiências. O trabalho dos clubes é individual. Existe uma padronização nas categorias da Seleção.

DC: Você vai ampliar sua análise de jogadores por causa da Olímpiada do Rio, em 2016?

Gallo: Nós já fizemos isso no ano passado, fomos buscar jogadores de 1995 e 96. Neste ano vamos atrás dos nascidos em 1993 e 1994. Nós vamos sempre ficar atentos a tudo que acontece aqui no Brasil e fora também, porque o êxodo é muito grande e muito cedo. Hoje na Seleção Sub-20 temos vários jogadores da Europa.

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DC: Revelar jogadores é a solução para os times de Santa Catarina se fortalecerem e conseguirem crescer?

Gallo: É a saída de todos os clubes, a lei hoje favorece bastante a questão do atleta e o clube fica refém de algumas situações. Mas acho que fortalecer e investir na base sempre é importante, seja por resultados técnicos, por utilizar os jogadores, ou pelo lado financeiro.

DC: Existe algum trabalho em categorias de base que tenha chamado sua atenção no Brasil ou mundo?

Gallo: Nós temos vários trabalhos que são referência. Tem o trabalho da Suíça, que é um pouco maior que Santa Catarina. Eles têm 13 regiões e existe um acompanhamento diário. Os atletas são levados para os campos de treinamento da federação deles. São coisas que não dá para adaptar aqui no Brasil. A nossa lei é outra, a nossa gestão é outra. Não tem como repetir porque as nossas características são diferentes, até por causa do tamanho do nosso país, que é continental.

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DC: O tamanho do Brasil atrapalha no trabalho de vocês?

Gallo: Nós mapeamos os 40 principais clubes do Brasil e visitamos eles sempre. Nós estamos em todas as competições. E não tem como fugir disso. Imagina uma garoto muito bom no interior de Santa Catarina: ou ele vai bater no Figueirense, no Criciúma, no Avaí ou no Joinville. Isso é inevitável, porque os pequenos não conseguem manter esse atleta. Geralmente nossos filtros são os grandes clubes. Nós temos boas relações com os clubes. Mas sempre indo aos locais, acompanhando de perto. E não convocamos nenhum jogador sem ter alguém da Seleção acompanhando.

DC: Atletas mais fortes estão ganhando mais espaço nas categorias de base?

Gallo: A gente dá prioridade e procura o talento. A evolução da espécie faz com que tenhamos atletas mais altos. Nós fomos para Toulon e nós éramos a segunda equipe mais baixa. É algo natural, o que procuramos é talento. Se o talento tiver altura, melhor.

DC:O que é mais importante nas categorias de base: revelar ou vencer?

Gallo: Acho que revelar é o mais importante. Porém, revelar vencendo faz a diferença, porque o atleta vencedor é importante para nós. Ele se acostuma com decisões.

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