Era metade do primeiro tempo e o ginásio já tinha vindo abaixo uma vez. O gol de Vasconcelos, que abriu o placar contra Mafra pela final da Copa Santa Catarina, deu a tranquilidade que o Blumenau Futsal precisava para conquistar o título inédito. Mas algo muito melhor estava a caminho. Enquanto os torcedores ainda comemoravam o primeiro gol, apontavam o indicador para as fumaças que saíam em meio às 3 mil pessoas no Galegão, cutucavam o colega ao lado para falar sobre o lance, dois jogadores assumem o protagonismo: o goleiro Ivan e o pivô Dão.

Continua depois da publicidade

Mais experientes jogadores da equipe, os atletas de 43 e 38 anos, respectivamente, foram os responsáveis pelo segundo gol do time blumenauense na vitória por 2 a 1, terça-feira. Primeiro com o lançamento preciso do arqueiro, seguido por um cabeceio do dono da camisa 13 de invejar Dadá Maravilha e Jardel. Naquele momento, o Galegão que instantes atrás havia explodido com o alívio de um gol, se transformou no caldeirão que Blumenau precisava para confirmar o título da Copinha.

– A gente sabe que o futsal é muito dinâmico e as coisas podem mudar de uma hora para outra, mas quando eu fiz aquele gol, sabia que nada poderia tirar de nós o troféu – relata Dão, capitão do Blumenau Futsal.

Autor de pelos menos três defesas importantes na decisão, o goleiro Ivan prova a cada dia que o passar dos 40 não é suficiente para tirar a qualidade do atleta que atua entre as três traves. Dono de um foguete com a perna direita, ele foi titular incontestável do técnico Alexandre Melo, o Xande, durante toda a temporada e se consolidou como um dos pilares de experiência da equipe. Fominha, ele quer estar em quadra a todo momento. Aposentadoria? Pendurar as chuteiras? Pelo menos por enquanto isso passa longe da cabeça careca do goleiro blumenauense.

– Enquanto as pernas deixarem, eu vou jogar. Pelo menos mais uns três anos. Tu vê: eu estava uns seis anos sem fazer academia e jogando só torneios. Voltei neste ano, disputei toda a temporada e estou me sentindo bem – conta o brincalhão guarda-metas de Blumenau que, discretamente e sem alardes, foi o goleiro menos vazado da Copa Santa Catarina e teve participação direta na conquista do título na terça-feira.

Continua depois da publicidade

Juntos, Ivan e Dão formam os opostos que foram essenciais para o fim de ano do Blumenau Futsal. O primeiro como responsável por defender a rede em uma ponta da quadra e o segundo com o encargo de, do outro lado do piso amadeirado, fazer os gols e dar as assistências. Experientes jogadores que, pela primeira vez, assim como a jovem equipe que defendem, tiveram a experiência de levantar um troféu do esporte na cidade. O primeiro em nível estadual desde 1978.

TÍTULO ALIMENTA POSSIBILIDADE DE DISPUTA DA LIGA NACIONAL

O que há duas semanas era quase impossível voltou a ganhar força no Blumenau Futsal: a possibilidade de disputar a Liga Nacional no ano que vem. Com a chance de herdar a vaga que pertence à Umbro e que estava com Concórdia, o time voltou a flertar com a principal competição de futsal no país. Conforme o presidente do clube, Marcelo Weber, as conversas já estão bem adiantadas e a diretoria corre atrás de recursos para garantir um orçamento mensal de, pelo menos, R$ 100 mil. Cerca de 70% desse montante já foi captado e a previsão é de que até o fim da próxima semana o time dê uma resposta à Liga.

O sim ou não depende da receptividade que a diretoria terá com potenciais patrocinadores. A expectativa é de que o título da Copinha e a presença de 3.062 torcedores na terça-feira – lotação máxima do Ginásio Sebastião Cruz, o Galegão – deem o empurrão para a captação do recurso que falta para confirmar presença. Se realmente for para a Liga Nacional, o Blumenau Futsal terá que jogar as partidas no ginásio do Sesi, já que o principal palco do esporte blumenauense não tem a dimensão 20 metros por 40 metros, exigida pela organização.