Antônio Fagundes já foi o Rei do Gado e o Dono do Mundo, agora o sorriso de galã e os cabelos grisalhos dos 74 anos estarão no palco do Centro de Eventos da UFSC, em Florianópolis, com o elenco de “Baixa Terapia”. Os ingressos podem ser comprados com descontos pelo Clube NSC. A peça é neste sábado (23), às 19h30 e 21h.

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A peça já foi encenada para 400 mil espectadores com turnês no Brasil e no Exterior. Trata-se de uma debochada comédia, que tem ainda Ilana Kaplan – vencedora do prêmio Shell com o espetáculo –, Mara Carvalho (ex-mulher do ator), Alexandra Martins (atual esposa de Fagundes), Fábio Espósito e Guilherme Magon. 

Fagundes conversou com a reportagem diretamente da biblioteca dele, onde conserva milhares de livros e alimenta o hábito de saborear até três livros por semana. Ele não se considera um galã e faz dos seus personagens uma terapia, em busca de empatia e entendimento interpessoal.

Antônio Fagundes volta a SC com comédia teatral Baixa Terapia

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Na entrevista, falou sobre as inspirações no início da carreira, sobre seus sucessos na televisão e sobre inúmeros planos para o futuro.

Confira a entrevista na íntegra:

Como está a expectativa para vir a Santa Catarina?

Desta vez vamos começar pelo Sul do Brasil. A gente já fez uma viagem alguns anos atrás pelo Brasil e agora vamos retomar essa viagem. A peça já está em cartaz desde 2017, então nós já estamos 400 mil espectadores. É um número muito bom e de ser comemorado por nós, com muito sucesso. São quase 600 espetáculos feitos, inclusive fora do Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos, por exemplo.

Você tem alguma ligação especial com o Santa Catarina? Algum fato que tenha te marcado?

Olha, sempre que vou aí é muito gostoso. As praias lindas, as pessoas muito gentis, gente muito bonita em Santa Catarina e sempre como muito bem aí, porque têm restaurantes deliciosos. Então, é uma parte do Brasil que sempre me encanta. Cheguei a mergulhar em uma praia ai e foi maravilhoso. 

O que público pode esperar da peça?

Pode esperar que vai rir bastante. É uma comédia hilariante. A gente chegou a contar uma gargalhada a cada 30 segundos. Garantimos que o povo vai se divertir. Então, a gente garante que o povo vai se divertir bastante. Mas o espetáculo vai além disso, ele tem algumas estruturas diferenciadas e que mexem com o povo, particularmente no final, que é surpreendente. Tivemos sorte que desses 400 mil espectadores tivemos até agora, até hoje nenhum que contou o final.

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E como é contracenar em família? Dá briga nos bastidores?

Nossa, e você sabe que em teatro, quando dá briga, acaba, né? O camarim tem que ser perfeito. Se você não tem seu camarim bom, a peça acaba rapidamente. Nós chegamos sempre duas horas antes de o espetáculo começar. O tempo que a gente fica ali no camarim tem que ser muito gostoso. Se não, não consegue entrar em cena e principalmente numa comédia. Não é que você tem que entrar alegre, fazer o público rir, imagina você todo mundo mal-humorado porque brigou no camarim? Não consegue, né?

Você começou no teatro, não é? Qual é a diferença entre atuar no teatro e na televisão para a televisão?

Olha, sempre que me fazem essa pergunta, digo que o teatro e a televisão não se comparam. O teatro é a base do ator. O teatro é a pátria do ator, é lá no teatro que o ator ousa, é lá que ele alça voo, é lá que ele coloca os pés no chão e lá que ele aprofunda o trabalho. Imagine você, em “Baixa Terapia” nós fizemos quase 600 espetáculos até agora, então são 600 vezes que nós fizemos esse espetáculo para plateias de mais de mil pessoas cada vez.  É uma experiência que nenhum outro veículo proporciona ao ator. É se aprofundar muito num trabalho que ele fará durante anos e pode ser o mesmo tempo, mas ao mesmo tempo não é porque o teatro tem essa coisa fabulosa que é essa troca de energia que nenhum outro veículo permite.

Então, eu digo que o teatro tem que ficar à parte agora, fora isso, fazer televisão é uma delícia também. Você se comunica com número muito grande de pessoas. E fazer cinema é muito gostoso também. Mas a base do ator é o teatro.

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Quando você começou na televisão, teve alguém que te inspirou?

Quando comecei na televisão a grande maioria dos atores que faziam televisão naquela época eram oriundos do teatro ou do rádio. Então, você tinha uma série de pessoas que você conhecia do teatro. Então, eu tive uma série enorme de pessoas com que eu aprendi e era fã. Como por exemplo, Juca de Oliveira, Miriam Muniz, Francesco Guarnieri, Lima Duarte, Fernanda Montenegro. Era uma turma maravilhosa e extraordinária. Na minha época, era mais fácil a gente conhecer os atores que faziam televisão pelo trabalho deles no rádio.

Confira imagens de Fagundes em cena

Você está no teatro hoje por uma escolha ou porque resolveu dar um tempo da televisão? Que momento está a tua carreira?

Em janeiro do ano que vem eu vou completar 58 anos de profissão. E serão 58 anos de teatro praticamente ininterruptos. Nunca parei de fazer teatro, então o teatro, como eu disse, é a arte do ator e levo isso a sério. Já parei de fazer televisão, já parei de fazer cinema, mas teatro nunca. Eu tinha inclusive um acordo com a com a Rede Globo de Televisão que eu só gravava nas folgas do teatro. Gravava segundas, terças e quartas porque de quinta a domingo eu estava sempre fazendo o meu teatro. 

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Qual foi o personagem de televisão que mais te marcou?

Você sabe que quando se você fez só dois ou três personagens, fica fácil você dizer gostei mais desse gostei mais daquele. Quando você fez mais ou menos uns 200, é difícil você selecionar, viu? Tenho realmente muita dificuldade em dizer qual que foi o melhor, qual que gostei mais, até porque também encaro a nossa profissão como um processo. É um trabalho em progresso.

A gente está sempre progredindo dentro do trabalho e tudo aquilo que a gente fez antes é o que vai determinar o que a gente vai fazer depois. Então, está tudo ligado, fica muito difícil você pensar em um. E costumo brincar que deixo essa escolha para o público.

Você recita poemas nas redes sociais e o cenário da nossa entrevista é uma biblioteca. Você adora ler. Qual o seu gênero literário predileto?

Gosto sim, e é outra coisa que é difícil você falar. Gosto de livro bom. Se o livro for bom, pode ser qualquer gênero ou nacionalidade eu vou ler com prazer. E isso é uma coisa que faz parte da minha vida e tenho muita pena das pessoas que ainda não descobriram esse universo, porque é um universo mágico, extraordinário. O universo da leitura que te leva para qualquer parte do mundo, para qualquer época, qualquer tipo de relação pessoal. E você tem sempre alguma coisa a aprender. Você faz sozinho, sentadinho num canto, sem atrapalhar ninguém e sem gastar muito.

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Quantos livros você costuma ler por mês?

Não conto. Leio bastante, depende do número de páginas e do tipo do livro que estou lendo. Se você está lendo um romance, ficção, a leitura corre mais fácil do que se você está lendo um livro técnico. Tudo isso faz com que o número de livros que você leia por semana, por mês, varie. Mas tem semanas que leio dois ou três livros. Se fizer a conta dá bastante.

Você é sinônimo de galã também para a televisão brasileira. Você é vaidoso?

Minha filha mais velha me diz uma coisa que acho muito engraçado. Toda vez que alguém fala “o seu pai é galã” ela responde “que povo bom né, meu pai”. (Risos). Nas cidades as pessoas vêm me falar que sou um galã e tenho que agradecer de joelhos.

Você já fez algum procedimento estético?

Não, preservo as minhas rugas porque elas levaram muito tempo para crescer e para aparecer no meu rosto. Cada uma delas me remete. 

Já que o nome da peça é baixa terapia, você já fez terapia?

Não, nunca fiz. Assim, esse é um pensamento meu, não é um pensamento de que posso ampliar para todo mundo, mas acho que o ator de alguma forma ele, pela própria mecânica da sua profissão, acaba fazendo terapia todos os dias. Quando ele entra em cena, ao interpretar um personagem você tem que se colocar no lugar do outro. Você tem que entender o outro, você tem que ter compaixão pelo outro, a absorver de uma certa forma o entendimento dos problemas do outro.

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E quando você é capaz de se colocar no lugar do outro, tem essa compaixão, você tem essa possibilidade de ver os problemas com um certo distanciamento, porque está no outro, você consegue trazer isso para você. E de certa forma se autoanalisa e consegue ver o que tem de igual ou de contraponto com aquele personagem. Isso para mim é um processo terapêutico e terapia seria redundante.

O que vem pela frente na sua carreira?

Nossa, tem muita coisa. Vou produzir esse ano ainda meu segundo longa.  Em 2018, produzi um filme chamado “Contra a parede”, que é produção minha. Não só fiz como atuei. Agora, vou fazer um outro filme. Já tem um filme para gravar em janeiro do ano que vem. E eu já estou organizando uma outra peça, porque “Baixa Terapia” vai encerrar a temporada em dezembro. E como falei, não paro nunca de fazer teatro. A outra peça já está escolhida, o elenco escalado, e nós vamos começar a ensaiar. 

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