Pelo menos oito testemunhas da Operação Garoupa já foram ouvidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) desde a manhã de terça-feira, quando foi deflagrada a ação em Itapema. Os oito presos preventivamente ainda não prestaram depoimento. Outros três investigados estão com mandados de prisão em aberto: dois estavam viajando e um está foragido.
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A operação investiga um suposto esquema de favorecimento e corrupção na prefeitura de Itapema, que envolveria o pagamento de propinas para aprovação de projetos de construção civil. Conforme o coordenador do Gaeco de Itajaí, promotor Jean Michel Forest, durante as investigações foi descoberto que agentes públicos obtiveram ou buscaram vantagens em razão da função que ocupavam.
Entre os presos está o vice-prefeito de Itapema, Giliard Reis (PMDB) e seu pai José Francisco Reis Filho. Giliard foi preso em casa, em um condomínio de luxo no bairro Meia Praia. Além deles, foram detidos o ex-secretário de Obras de Itapema, Carlos Eduardo Vieira, e o ex-secretário de Saúde da cidade, Carlos Humberto Cruz.
Também estão na lista de presos pelo Gaeco quatro pessoas ligadas ao setor de construção civil de Itapema. São eles: Manoel Rosário Minatti e seu filho Mikael Joaquim Minatti, Francisco de Assis Haskel e Celso Ricardo de Oliveira. Todos os presos foram levados para o Complexo Penitenciário de Canhanduba, em Itajaí.
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Estão sendo apurados crimes praticados contra a administração pública, entre os quais concussão, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa, prevaricação e associação criminosa.
Investigação começou em maio
As investigações da Operação Garoupa começaram em maio deste ano após uma representação no Ministério Público de Itapema. Um construtor teria denunciado que estava tendo dificuldades para aprovar projetos na prefeitura e que houve cobrança de propina.
Ao todo, foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão, oito de prisão preventiva e 10 conduções coercitivas. Durante a terça-feira, agentes recolheram documentos e computadores na Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (Faaci), Setor de Protocolo e Secretaria de Planejamento Urbano.
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O Gaeco fez buscas ainda no gabinete do vereador Wesley Carlos da Silva (PSDB), o Lelé. Atualmente, o parlamentar está fora da cidade. Além disso, foram sequestrados automóveis de luxo e imóveis dos investigados.
Alusão ao dinheiro
A operação deflagrada pelo Gaeco ganhou o nome de Garoupa porque os investigados usavam essa expressão para falar sobre dinheiro – uma alusão à cédula de R$ 100, que traz em seu verso ilustração dessa espécie de peixe. Segundo o promotor Forest, dois investigados foram flagrados em uma conversa se referindo a uma terceira pessoa “que tinha apreço por garoupas”.
(Colaborou Thiago Santaella)
CONTRAPONTOS:
Carlos Eduardo Vieira
A reportagem não conseguiu localizar o advogado de Vieira.
Carlos Humberto Cruz
O advogado Valdir Luis Zanella relatou que não teve acesso a toda investigação. Segundo ele, seu cliente é suspeito de ter favorecido negócios entre construtores e pessoas do município, enquanto atuava como corretor de imóveis. Zanella informou ainda que, criminalmente, nada compromete seu cliente.
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Celso Ricardo de Oliveira
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Oliveira.
Giliard Reis e José Francisco Reis Filho
A reportagem não conseguiu contato com o advogado Sandro Schauffert Portela.
Francisco de Assis Haskel
Na construtora de Haskel uma funcionária informou que não poderia repassar informações sobre o caso, nem o nome do advogado.
Manoel Rosário Minatti e Mikael Joaquim Minatti
O advogado Leonardo Pereima de Oliveira Pinto, da Caon Advogados, informou que o escritório ainda está se inteirando do processo e que não irá se manifestar sobre o caso, que corre em segredo de justiça.