Suspeitos de facilitar fugas e intermediar regalias como o consumo de drogas e o uso de celulares dentro do Presídio Regional de Joinville foram presos durante uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) batizada de “Agente Duplo”. Na manhã de terça-feira, foram cumpridos cinco mandados de prisão e outros três de busca e apreensão.
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Foram apreendidos cerca de 2,5 kg de maconha, munição e duas balanças – uma delas encontrada dentro de uma cela juntamente com 1,5 kg da droga e cinco celulares.
Entre os detidos, está o agente prisional Jeferson da Silva Pinto, preso em flagrante enquanto recebia meio quilo de maconha das mãos de Deise Tatiane Ferreira dos Santos, mulher e irmã de detentos. Com exceção do agente, os outros detidos preferiram ficar calados durante o depoimento. Eles tiveram a prisão preventiva decretada ainda terça.
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– Quando fomos cumprir o mandado de busca na casa dos dois suspeitos, nos deparamos com o encontro deles em uma rua do bairro Boa Vista, para negociar drogas que seriam vendidas dentro do presídio-, afirma o delegado Fábio Estuqui.
Depois, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa de Deise, os policiais relataram ter encontrado mais meio quilo de maconha, uma balança de precisão e munições para revólveres calibre 38.
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As investigações, que tiveram início há 45 dias, reúnem indícios de que os responsáveis pelo tráfico de drogas dentro do presídio eram Moisés Ferreira dos Santos (irmão de Deise) e Joel Meireles da Silva (o marido dela), condenados por roubo, além de outro preso que cumpre pena por homicídio e estelionato e havia recebido o benefício de passar sete dias em liberdade. Ele não foi preso em flagrante, mas é um dos investigados.
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A polícia não descarta a possibilidade de que outros detentos e funcionários do presídio estejam envolvidos no esquema, que garantia a entrada de droga, celulares e serras no presídio, o que facilitava a realização das fugas. Segundo o Gaeco, grupo de investigação que reúne polícias e o Ministério Público, os presos envolvidos fazem parte da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC), que atua em cadeias catarinenses e teve existência reconhecida pelo Estado em torno de três anos atrás.
Favores por dinheiro
De acordo com a Polícia Civil, a investigação aponta que o carcereiro Jeferson Pinto prestava serviços para os presos, que o pagavam por meio de familiares. Para que o agente prisional facilitasse a entrada de serras e fizesse vista grossa para uma fuga, por exemplo, a polícia acredita que havia a cobrança de R$ 12,5 mil. Esse teria sido o valor negociado para a realização de uma fuga, que o Gaeco avalia ter evitado com a ação.
Servidor concursado há cerca de dez anos pela Secretaria de Justiça e Cidadania, o agente confessou ter recebido cerca de dois quilos de maconha e aparelhos celulares de Deise, conforme o delegado Adriano Bini. Os envolvidos devem ser indiciados por tráfico de drogas, associação ao tráfico e corrupção.
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