As rimas e letras parecem ter nascido com Gabriel o Pensador, basta olhar um vídeo em que ele aparece cantando aos 11 anos sobre as promessas de políticos. Três décadas depois, a ousadia se repete com Chega, divulgada no domingo no canal do rapper no YouTube.
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A vontade de levar o talento a sério começou aos 16, depois de quatro anos dedicados a pegar muitas ondas na praia de São Conrado, no Rio Janeiro, onde fez muitas amizades com a galera da Favela da Rocinha. Nove álbuns depois, Gabriel faz planos de lançar o segundo DVD da carreira, além de se preparar para o primeiro show na China e para uma nova viagem com os amigos surfistas para a Indonésia. Paralelo à turnê do Sem Crise (lançado em 2012), dedica-se ao Pensador Futebol, projeto que ajuda a consolidar a carreira de jovens atletas.
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“O surfe ajuda a me conectar com a natureza e, na verdade, com Deus. É uma coisa que alimenta a minha percepção do valor da vida, de cada respiração, de cada dia que nasce. Quando consigo estar um pouco mais conectado com o mar, também estou mais conectado com a minha fé.”
Foto: Marcos Hermes / Divulgação

Linguagem poderosa
Minha relação com a música tem a ver com a letra acima de tudo. Sempre gostei de prestar atenção nela, desde quando comecei a ouvir o que os pais ouviam, a MPB, até depois, na pré-adolescência, ouvindo rock brasileiro – Legião, Titãs, Blitz, Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus. Escutava coisas em inglês sem saber o que significavam e gostava. Mas fui aprender e me apaixonar mais quando comecei a entender as letras de Bob Marley, Beastie Boys, Run DMC. Isso reforçou minha paixão e decidi fazer música também.
Banda marcante
A obra do Bob Marley foi marcante como estímulo para fazer música e saber o alcance que aquilo poderia ter. O The Wailers, que continua fazendo shows, se apresentava muito no Rio. Tinha uns 17 anos e estava começando a mostrar minhas músicas quando eles tocaram no Circo Voador. Depois fui falar com um dos músicos em uma boate, porque soube que iriam para lá. Falei que tinha vontade de fazer música, e o cara disse: “Vá em frente, continue, junte alguns amigos, não tente fazer tudo sozinho”. Foi um conselho simples, mas aquilo teve importância, serviu como um estímulo. Pedi um autógrafo e guardei durante muito tempo na carteira. Aquilo simbolizava um gás para eu continuar acreditando no sonho.
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Estilo que mais curte
Acredito que sou um cara bem eclético, mas não adianta, reggae é o que canto no banho, é o que tenho na alma. O Bob Marley era fera, mas os caras do The Wailers (foto abaixo) realmente tiravam, e ainda tiram, um som excelente.
Show Imperdível
Tive a honra de abrir os shows do U2 no Brasil na turnê Popmart. Qualquer turnê dos caras é sempre imperdível, mas a minha emoção foi por fazer parte daquilo, até porque eles me trataram superbem.
Para assistir
Foto: Reprodução

Um filme que me influenciou bastante foi Beat Street – Na Onda do Break. Ele trouxe pela primeira vez para mim o grafite muito bem feito nos metrôs de Nova York. Eu era um garoto que pichava muros, já gostava de mexer com spray de tinta.
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Não pode faltar
Para da um rolé de skate: Red Hot Chili Peppers
Para cantar no karaokê: Tim Maia
Para definir seu momento atual: Ãh? (Gabriel o Pensador). Não é o meu momento, mas o da nossa sociedade, de como as coisas estão cada vez mais fúteis e vazias
Para regravar: alguma do Raul Seixas ou do Jackson do Pandeiro
Ouça o rap que Gabriel o Pensador gravou exclusivamente para o DC:
Gabriel O Pensador faz rimas lendo o Diário Catarinense