Gabriel Guedert tem 22 anos e uma vida dedicada ao Teatro. Desde criança já vivia nos palcos e a escolha mais natural era seguir a carreira na Universidade. Já nas salas de aula descobriu uma nova vocação: iluminar outros atores. E desde então divide seu tempo entre atuação e iluminação.
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Natural de Rio do Sul, em Santa Catarina, ele se mudou para Florianópolis para fazer parte da primeira turma de Teatro da UFSC em 2008. Agora, já formado, ele conta como surgiu o interesse pelo Teatro e como seus pais lidaram com a escolha, e cita ninguém menos do que a atriz Fernanda Montenegro para dar conselhos a quem deseja seguir os mesmos passos.
Como você escolheu fazer Teatro?
Faço teatro desde que me conheço por gente. Na minha escola de educação básica tínhamos aulas de artes plásticas e de artes cênicas separadas, da quinta série até o ensino médio. Além disso, sempre participei dos grupos de teatro da Fundação Cultural de Rio do Sul, onde pude aprimorar meus conhecimentos aumentando ainda minha paixão por essa área. Quando precisei escolher qual faculdade cursar, não tive dúvidas.
Sua família aceitou numa boa?
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Minha família sempre teve muita ligação com as artes, meu pai durante anos foi superintendente da fundação cultural de Rio do Sul. Minha mãe é professora infantil e tem uma paixão pela contação de histórias e teatro de formas animadas. Todos sempre me apoiaram muito em todas as fases da minha vida artística. Lembro-me que momentos antes de fazer minha inscrição para o vestibular comentei com meu pai que talvez fizesse para Oceanografia. Ele ficou indignado e me disse para escolher Artes Cênicas.
Você enfrentou muito preconceito?
De maneira nenhuma.
E como foi sua formação na faculdade?
Quando fiz o curso, tínhamos muitas dificuldades com falta de professores e de espaço físico. O curso era recém-criado e, apesar de o currículo ser abrangente, na prática tínhamos sempre os mesmos professores que nos mostravam uma mesma forma de ver a arte. Na minha época não tínhamos quase nenhuma disciplina voltada para as áreas “técnicas”. Hoje percebo avanços significativos no curso de um modo geral. Estruturalmente existem diversas salas para ensaios e três laboratórios para suprir a demanda de cenotécnica, iluminação e figurinos.
Mas como você se envolveu com iluminação?
O meu vínculo com a iluminação começou extracurricularmente. Em meados de 2008, participei de um curso oferecido pela Fundação Catarinense de Cultura, que pretendia formar novos técnicos para os teatro e salas de apresentações da região. Nesse curso pude aprender muito sobre essa área menos difundida do teatro. A partir daí todas as minhas escolhas na universidade eram voltadas para iluminação. Por esse mercado não ser tão saturado, consegui já no mesmo ano, 2008, trabalhar como técnico no Teatro Pedro Ivo. Em 2009, no Teatro Álvaro de Carvalho e, hoje em dia, na UFSC.
E o mercado para atores?
O mercado de atores é muito complicado. Na minha modesta opinião, ao escolher um curso superior de Artes Cênicas, as pessoas têm que ter sempre em mente o que se deseja. Não é preciso ser formado em artes cênicas para ser um ótimo ator, diretor ou dramaturgo. Se você vai entrar na academia, tem que entender o processo acadêmico.
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Você tem conselhos para quem quer seguir a profissão?
Sempre que me pedem conselhos eu me lembro de uma entrevista da grande atriz Fernanda Montenegro. Nessa entrevista maravilhosa, a jornalista pergunta conselhos para os novos atores, ela diz: “Desista, não passe perto, saia disso, digo sinceramente. Confundem teatro com liberdades, licenciosidades, glórias, paetês, retrato no jornal, riquezas. (…) Agora se morrer porque não está fazendo isso, se adoecer, se ficar em tal desassossego que não tem nem como dormir, aí volte, mas se não passar por esse distanciamento e pela necessidade dessas tábuas aqui, não é do ramo”.