O irmão mais velho de Gabriel, Rodrigo, tentou seduzir o zagueiro do Avaí para o pagode. Músico no Kibatuque, o primogênito da família Guimarães queria ver o caçula envolvido em alguma atividade extracurricular, para afastar o irmão dos perigos das ruas do bairro de Pirituba, em São Paulo. Gabriel até fez aulas de cavaquinho, mas o coração falou mais forte e ele foi gingar longe dos palcos, no gramados do futebol.
Continua depois da publicidade
Mais notícias do Avaí
Confira a tabela da Série B
O futebol é uma paixão de criança, como para muitas outras no Brasil. Aos 10 anos, ele já queria jogar com o pai Marcelo e seus amigos.
Continua depois da publicidade
— Eu não permitia, tinha medo de que ele se machucasse. Mas depois o deixava entrar no final, com o pessoal cansado, e ele marcava seus gols — recorda Marcelo.
Aos 18 anos, Gabriel é a estrela da base do Leão e será titular neste sábado, às 21h, contra o Bahia, na estreia da Série B. O zagueiro foi uma das revelações do Catarinense, mesmo com as dificuldades da equipe azurra no segundo turno do Estadual. Ainda sem carteira de motorista, ele vai aos treinos na Ressacada de carona. Isso porque, depois de quase quatro anos morando no alojamento do estádio, ele conseguiu alugar um apartamento, com quem divide com o amigo de base Vinícius Baiano. Por isso, para chegar no horário para a entrevista com o DC, a equipe do jornal buscou o atleta em casa.
Ao entrar no carro fica clara a timidez do jogador, que pela primeira vez concede uma entrevista exclusiva. Tem sido assim os últimos meses na vida de Gabriel, muitas novidades. No caminho até o estádio ele revela qual seu pior adversário até hoje no futebol: a saudade.
Continua depois da publicidade
— Eu vim indicado por uma escolinha de Osasco (SP) e na primeira semana aqui chovia muito e fazia frio. Chorei de saudade e pedi para meu pai comprar uma passagem de volta. Não queria mais tentar — conta Gabriel, que chegou no Avaí aos 14 anos.
Mas uma conversa séria com o pai fez Gabriel mudar de ideia e voltar para Florianópolis.
— Falei para ele: “Meu filho, o pai não tem condições de te levar nos jogos, tenho que trabalhar. Está na hora de você se decidir se é isso que quer”. Então ele me disse que voltaria para o Avaí — lembra Marcelo.
Meta é comprar uma casa para a família
Calmo, humilde, compenetrado. Assim Gabriel é descrito por pessoas que trabalham no Leão. Durante sua passagem na base avaiana ele foi desejado pelo Internacional, mas nem assim perdeu a cabeça. E muitos se surpreendem como ele vem lidando com os elogios hoje.
Continua depois da publicidade
— É um menino, desde que chegou, com um extracampo muito bom. Ele é muito bom tecnicamente, só faltava aumentar a competitividade. Ele não é de sair muito e a diversão maior é o vídeo-game — conta Diogo Fernandes, coordenador da base do Avaí.
No jogo virtual de futebol Fifa, um de seus principais rivais é o atacante Romulo.
— São todos fracos, ganho tranquilo do pessoal do Avaí. Só acho que já dava para eu estar no jogo (Fifa), mas sei que vou estar lá um dia — sonha Gabriel.
O zagueiro vai aos poucos se soltando nos profissionais e se acostuma a estar no vestiário todos os dias com Marquinhos, ídolo avaiano, algo que antes parecia tão distante. Por isso, ele não desiste dos seus sonhos.
Continua depois da publicidade
— No início do ano eu morava no alojamento, por isso acredito que vou realizar o sonho de dar uma casa para os meus pais e poder tirá-los do trabalho.