O pleno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina se reúne nesta segunda, a partir das 14h, para discutir o futuro do desembargador Eduardo Gallo. Na pauta dos 82 desembargadores, o tsunami provocado pela denúncia do advogado Felisberto Odilon Córdova. Mesmo sem apresentar provas, o estrago por causa da exposição nacional do Judiciário catarinense causou profundo mal estar entre os magistrados. O próprio presidente do TJ, desembargador Torres Marques, antecipou o retorno das férias para dirigir a sessão desta segunda, que promete ser uma das mais polêmicas dos últimos anos.

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Um grupo de desembargadores defende o imediato afastamento de Gallo até que o episódio seja definitivamente esclarecido. A saída teria sido discutida inclusive em Brasília, junto ao Superior Tribunal de Justiça. No entanto, a ausência de um inquérito, a fragilidade da acusação, a falta de provas e até mesmo a suspeição sobre a real intenção do vídeo que viralizou poderiam facilmente ser questionadas pelo desembargador, que nega veementemente qualquer desvio. Outra alternativa que ganhou força no fim de semana, mais salomônica, seria o próprio Gallo pedir licença da corte, saindo dos holofotes até que o se cumpra o rito jurídico.

Como se não bastasse o ineditismo do caso, some-se a isso uma corte dividida em torno da eleição para a presidência, que ocorre no fim do ano.

Oficialmente, entidades como a Associação dos Magistrados Catarinenses e a Associação dos Magistrados Brasileiros emitiram notas de repúdio a Córdova. Nos bastidores, o histórico de Eduardo Gallo, que inclui de vídeo para mostrar agressões a boletim de ocorrência por discussão no trânsito, é criticado por alguns pares.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina, instituição centenária, sempre se orgulhou da trajetória imaculada. E para uma carreira como a magistratura, em que a discrição é cláusula pétrea não escrita, tamanha exposição negativa causa assombro aos homens de toga. Evidentemente que se pode até discordar do comportamento pessoal, mas no estado democrático de direito em vigor no Brasil, todos são inocentes até que se prove o contrário. Por enquanto muito foi dito, mas nada apresentado.

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Veja vídeo do momento da acusação do advogado ao desembargador:

Advogado acusa desembargador de pedir propina