O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve se reunir hoje com líderes partidários da Câmara e do Senado para definir se a CPI da Petrobras será integrada apenas por senadores ou se será uma comissão mista, contando também com deputados federais. Para a reunião, Calheiros pediu aos líderes que entreguem os nomes dos integrantes da comissão. Se for instalada apenas no Senado, a CPI terá 13 membros. Se for mista, 13 deputados e 13 senadores. Nos dois casos, PT e PMDB, que têm as maiores bancadas, devem ocupar as principais posições.
Continua depois da publicidade
O PT ameaça não indicar integrantes caso a decisão seja pela instalação da CPI mista. Senadores aliados ao governo entendem que uma CPI apenas no Senado poderá trazer menos desgaste ao Planalto. Por isso, devem trabalhar para protelar o trabalho da comissão mista. Já a oposição tentará que a CPI envolva Câmara e Senado para dar mais visibilidade às investigações. Na quarta-feira passada, o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), disse que só aceitará tratar de CPI mista na próxima sessão do Congresso Nacional, em 20 de maio. Na hipótese de líderes não entregarem as indicações, Calheiros poderá escolher os nomes, direito que o regimento assegura ao presidente.
Líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA) vai pedir que o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, explique sobre a venda de poços de petróleo da Petrobras na África. O tucano também solicitará que o TCU (Tribunal de Contas da União) realize uma auditoria especial sobre a operação. Segundo Imbassahy, há informações de que dois bancos internacionais avaliaram, de forma conservadora, os ativos da Petrobras na África em um valor mínimo superior a US$ 7 bilhões.
Leia mais:
Renan Calheiros decide adiantar procedimentos de instalação da CPI da Petrobras no Senado
Continua depois da publicidade
Na Câmara, Graça reitera falta de cláusula em contrato
Ex-diretor da Petrobras volta para carceragem de Polícia Federal
– Dois bancos de primeira linha errarem grosseiramente em suas avaliações é algo muito incomum. E vender os ativos a um valor 50% menos do que a avaliação mínima de US$ 3,16 bilhão é um forte indício de que Petrobras sofreu prejuízo – afirmou o parlamentar.
De acordo com ele, a venda dos ativos na África também terá de ser investigada pela CPI Mista. De acordo com o parlamentar, os blocos de exploração na África deveriam ser objeto de estudos e avaliações aprofundados, e que, pelo visto, não ocorreram ou não foram seguidos:
– A CPI terá muito a investigar e a esclarecer. Esses negócios no Exterior estão se revelando uma caixa-preta. Em cada operação que se analisa, verifica-se mais um negócio ruim para a estatal. Não há empresa que suporte uma sucessão de prejuízos bilionários decorrentes dessa gestão nociva e danosa dos governos do PT, de Lula e Dilma.
Ontem, durante o programa semanal de rádio Café com a Presidenta, em referência à crise na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff disse que a estatal “jamais vai se confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa”. Ela acusou opositores de fazer “campanha negativa” contra a Petrobras. “Não vou ouvir calada a campanha negativa dos que, para tirar proveito político, não hesitam em ferir a imagem dessa empresa que o trabalhador brasileiro construiu com tanta luta, suor e lágrimas.”
Continua depois da publicidade
Plano de demissão voluntária desligará 8,3 mil
A Petrobras deverá perder, até o fim deste ano, pelo menos 4.564 funcionários contratados, ou 6,8% do total do quadro. O número é resultado do Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário, lançado em janeiro, ao qual aderiram 8.298 pessoas, ou 12,4% dos empregados. O objetivo da empresa é reduzir os custos. A companhia estima que, com a iniciativa, “de forma conservadora”, sejam eliminadas despesas da ordem de R$ 13 bilhões até 2018.