Depois de comandar o futsal da cidade por dez anos, a Associação dos Amigos do Esporte Amador, entidade mantenedora da Associação Desportiva Jaraguá (ADJ), está na mira da Justiça.
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O promotor da Moralidade Pública, Aristeu Xenofontes Lenzi, determinou ontem a abertura de inquérito policial-civil para apurar denúncia de mau uso de dinheiro público – cerca de R$ 380 mil – repassados entre 2009 e 2010 pela Prefeitura à entidade comandada pelo presidente Sergio Silva e pelo diretor de Esportes, Carione Mees Pavanello, o Cacá, que também foi presidente da Fundação Catarinense de Esportes (Fesporte) no governo Luiz Henrique da Silveira e atualmente preside o diretório municipal do DEM.
A denúncia foi protocolada no Fórum no dia 22 pelo jornalista Sérgio Peron, que encaminhou cópias de notas e documentos que fazem parte da prestação de contas da Associação dos Amigos junto à Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul. Segundo o gabinete do promotor, que prefere não se pronunciar sobre o caso, a instauração do inquérito indica que existem indícios de irregularidades na prestação.
– Existem situações absurdas nos documentos que encaminhei ao promotor. Um exemplo é que, na mesma noite em que a equipe da Malwee Futsal disputava partidas oficiais em Farroupilha, em 2009, o grupo consumia 387 rodízios de pizza em Jaraguá do Sul. Outra situação mostra que, no mesmo dia em que o time jogava em Belo Horizonte, conseguiu receber cem sessões de fisioterapia em Jundiaí (SP) -, destacou Peron.
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– Sem contar que uma das notas aponta oconsumo de mais de 1.800 refeições num único dia.
Além de notas, o jornalista encaminhou cópias de ofícios trocados internamente na Prefeitura. Em um deles, encaminhado à Procuradoria do Município em 4 de fevereiro de 2010, o então secretário de Turismo Cultura e Esporte, Ronaldo Raulino, cobra providências em relação à associação, que naquele momento estaria “inadimplente com suas obrigações e também por utilizar os camarotes da Arena Jaraguá indevidamente durante os jogos”.
Para Peron, se a Associação dos Amigos estava inadimplente, não poderia receber verba pública.
– Na minha representação, descrevo que, mesmo diante deste quadro, a Câmara de Vereadores aprovaria, meses depois, um novo repasse para a entidade. Ou seja: houve uma farra com o dinheiro público.
A representação encaminhada à promotoria questiona o fato de a associação, uma entidade privada, gerir espaços públicos como os camarotes da Arena.
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Até o final da tarde de ontem, a delegacia não havia recebido a solicitação do MP.
– Se as investigações apontarem para a existência das irregularidades, o próximo passo será instauração da denúncia através de uma ação pública do próprio Ministério Público -, explicou o delegado David de Souza.
Cacá diz que Peron “está de brincadeira”
O diretor da Associação dos Amigos do Esporte Amador, Carione Mees Pavanello, disse que a denúncia não passa de má-fé por parte de Sérgio Peron.
– Você acha que conseguiríamos, numa noite, comer 387 rodízios? Este senhor está de brincadeira comigo.
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Pavanello diz que as notas referem-se ao período de um ano.
– Solicitávamos aos estabelecimentos que fizessem a nota num valor só.
Cacá reconhece que a ADJ esteve inadimplente por um período.
O presidente Sergio Silva preferiu não se pronunciar enquanto não for intimado. O ex-secretário Ronaldo Raulino disse que seu ofício pedindo providências sobre a inadimplência jamais foi resolvido. A vereadora Natália Petry (PSB), presidente da Câmara em 2010, não se pronunciou. O atual presidente, Jaime Negherbon (PMDB), cogita a instauração de CPI se as denúncias se confirmarem. O presidente da Fundação de Esportes, Marcio Feltrin, não quer falar antes de ser notificado para depor.