A Copa do Mundo continua, infelizmente sem a nossa Seleção, então a gente segue falando sobre o futebol nos gramados virtuais. Hoje queria abordar um papo um pouco mais sério: como já ficou chato o preconceito contra o futebol feminino.
Continua depois da publicidade
Eu vou puxar uma estatística do FIFA 22 que me chocou. Ao jogar uma partida com atletas mulheres, ganhei uma conquista rara. Já achei que tinha feito algo difícil, equivalente a um troféu de ouro do Playstation. Mas era uma conquista chamada “donas da bola”. Para ganhar, basta jogar uma partida entre seleções do futebol feminino. Para deixar claro, é um troféu bronze.
Pelas estatísticas do Xbox, 5,37% dos jogadores desbloquearam isso. Por que a galera não quer jogar com as mulheres?
Isso dá para ver no mundo real também. Em dezembro, as lojas estavam cheias de bandeirinhas do Brasil, mesmo em uma Copa controversa, com críticas relacionadas à forma como o Catar lida com os direitos humanos. Não se pode dizer o mesmo do torneio que acontece neste momento. É mais fácil ver referências ao filme da Barbie (que eu também adorei) do que à Copa da Austrália e Nova Zelândia.
Se as pessoas apoiam a Seleção masculina de futebol, por que não apoiam a feminina? É muito difícil de entender. Dá para compreender que existe uma cultura no Brasil de parar o país para ver a Copa masculina, ou pelo menos os jogos da Seleção. Mas daí como explicar que as pessoas só se dão o trabalho de torcer se são homens jogando?
Continua depois da publicidade
Tem aqueles que vão falar sobre as diferenças físicas entre os atletas. Mas eu sou apenas uma torcedora, alguém que se diverte com futebol. O que eu quero é ver lances lindos! Se tiver sorte, posso me envolver emocionalmente.
Como não vibrar com o gol incrível da Linda Caicedo no jogo da Colômbia contra a Alemanha, em que as europeias eram consideradas as favoritas? E aquele outro gol da Vanegas nos acréscimos do segundo tempo? Foi pura emoção!
E o baile da Lauren James, da Inglaterra, contra a China? Só gol lindo dessa gênia da bola, o mais bonito deles até foi anulado. E o futebol é incrível também porque é imprevisível. No jogo seguinte, lá vai a jogadora que poderia (ainda pode?) ser a craque da Copa levar um cartão vermelho por uma bobagem.
Acredito que a maioria dos jogadores de FIFA e de outros jogos de futebol seja movida, principalmente, pela paixão pelo esporte fora dos videogames. Quem joga esses games quer experimentar a emoção do jogo de verdade nos gramados virtuais. Quer correr e vibrar fazendo um golaço com o Messi feito de polígonos.
Continua depois da publicidade
Se tem emoção no futebol masculino, também tem no feminino. Eu adoro vibrar com gols das minhas jogadoras favoritas, seja a Marta, a Blackstenius, a Fridolina Rolfö ou a Chloe Kelly. Na Copa de dezembro, eu levei Harry Kane e companhia à vitória nos gramados virtuais. E agora estou fazendo o mesmo pela seleção da Lucy Bronze e da Magdalena Eriksson.
Para mim, emoção é emoção, pode ser um jogador ou uma jogadora. Apesar da falta de bandeirinhas no comércio, dá para ver uma evolução em relação à Copa do Mundo Feminina passada. Tem mais gente falando sobre isso. Tem transmissão no Brasil de todos os jogos, ainda que não pela televisão tradicional. Tem álbum de figurinhas, tem a craque Sam Kerr na capa do FIFA 23.
E falando em FIFA, aquela conquista do jogo do ano passado agora teve um aumento de 100%. Se na edição de 2022, foram 5,37% dos jogadores que desbloquearam, no jogo 23 foram 10,46%. E acredito que esta conquista deixou de ser rara.
Em setembro, já sai o sucessor do FIFA, o EA Sports FC 24. Na capa, muitos jogadores, homens, mulheres. No jogo, também haverá mais ligas de clubes femininos do que na edição atual.
Continua depois da publicidade
Fica o meu convite: se você gosta de FIFA e nunca jogou com as mulheres, vale uma partida. No futebol feminino, assim como no masculino, também tem lances lindos, gols belíssimos e ídolas de sobra. Prometo que a emoção é a mesma!
Leia mais:
No FIFA 23, o Brasil segue na Copa do Mundo Feminina
Memórias do futebol nos games, de International Superstar Soccer a FIFA
Gamer tetraplégico de SC conta jogos que virou com controle de sopro