Janelas abertas para novos ares. A brisa do parque ecológico de Balneário Camboriú tomou o lugar da fumaça densa dos charutos cubanos no principal escritório do futebol de SC. Ali na sala do presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), o frescor do vento mostra que há novas cabeças e ideias, lideradas pelo empresário Rubens Angelotti. A definição da fórmula do Campeonato Estadual do próximo ano expôs sua marca de gestão, a do consenso.

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Rubinho tem no diálogo a principal ferramenta da administração. Assim é desde 6 de dezembro, quando foi conduzido ao cargo pelo término abrupto do 32º ano de Delfim de Pádua Peixoto Filho na direção da FCF. O presidente foi um dos 71 mortos no acidente com avião que levava a Chapecoense à Colômbia. Um dos cinco vice-presidentes, Angelotti assumiu por ser o mais velho, como previa o estatuto.

A tragédia e os desdobramentos causaram espanto. Porém, com o apoio da família, e também do empresário e amigo Antenor Angeloni, aceitou a missão.

– Cheguei um pouco assustado. Não entendia muito do funcionamento de uma federação, é completamente diferente de um clube, é o outro lado da mesa. Mas a vivência no futebol ajudou bastante. A estrutura era boa, o Delfim deixou um legado e fomos tomando pé das coisas – conta.

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Paranaense de Curitiba, desembarcou em SC em 1983. Doze anos depois começou a contribuir com o Criciúma. Trabalhou e viveu o clube em diferentes épocas. Foi diretor de futebol por praticamente um ano e meio no início desta década, até o desligamento para tocar os negócios, se dedicar à família e ter um tempinho para a pesca esportiva, uma das paixões.

Em Criciúma tem a casa que vai em fins de semana esporádicos, quando a agenda permite. Não mais que isso, porque hoje suas cores são a do futebol catarinense. Fez pequenas mudanças no estatuto. A principal é a que permite a um presidente apenas uma reeleição. O último resquício da fumaça dos charutos é o leve odor impregnado nas paredes da sala do presidente.

Confira alguns temas do futebol catarinense

Catarinense 2018

A fórmula foi votada e aprovada na última segunda-feira: 10 clubes se enfrentam em turno e returno. Se houver mais que 18 datas, poderá haver semifinais e final em jogos únicos. A federação apresentou ideia diferente, com equipes divididas em grupos e partidas mata-mata para definir os ganhadores de duas fases. Prevaleceu a vontade da maioria das agremiações, com todos os times ditos grandes visitando a casa dos chamados pequenos.

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Rubinho considera difícil haver calendário para que o Catarinense de 2018 vá além dos pontos corridos. Pretende falar pessoalmente com o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, para tentar pelo menos uma data a mais, para a grande decisão.

– Fui claro com eles e disse que tenho a preocupação de ocorrer algo como o Corinthians na Série A deste ano. Sem o mata-mata, acho muito difícil um clube pequeno ser campeão com a fórmula de pontos corridos. Tem o risco de um time disparar e perder a emoção do campeonato. Foi votada, aprovada e agora vamos ao campo. (Mais no vídeo abaixo)

Cerveja nos estádios

O projeto de lei que libera e regulamenta a venda de cerveja nos estádios de SC ainda precisa da aprovação de uma comissão antes da votação pela Assembleia Legislativa. A expectativa é que até o final do mês os clubes tenham sinal verde para a comercialização no Catarinense do ano que vem. A federação é apoiadora do projeto, porque é desejo dos clubes. No entanto, o presidente da FCF entende que não é a salvação para que o público aumente nos estádios.

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– É um fator que vai levar um pouco mais de gente, ajudar um pouco. É uma fonte de receita. Mas não é só isso. O que leva público ao estádio é o time. Ganhando, a casa fica cheia. Se o time está ruim, nem promoção de ingresso a R$ 1 funciona.

 BALNEÁRIO CAMBORIU, SC, BRASIL, 09.11.2017: Presidente do CFC, Rubens Renato Angelotti. (FOTO: Diorgenes Pandini/Diario Catarinense)
Presidente pretende formar quadro de arbitragem apenas com catarinenses Foto: Diorgenes Pandini / Diario Catarinense

Arbitragem

A federação criou o departamento de arbitragem, comandado por Marco Antônio Martins, na metade do ano. A missão é formar novos profissionais do apito. O projeto é que, em até cinco anos, os estaduais tenham apenas árbitros catarinenses, bem preparados e também gabaritados para terem a insígnia da Fifa – a qual Bráulio da Silva Machado pode ser postulante para o próximo ano, acredita Rubinho. Para o Catarinense de 2018, a FCF pretende manter os mais experientes, Heber Roberto Lopes e Sandro Meira Ricci.

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– O Sandro tem vontade e vamos conversar sobre a continuidade dele. Ele apita o Catarinense, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Mundo e depois vai pensar em encerrar a carreira.

Copa do Brasil

Angelotti garante ser torcedor do futebol catarinense. Não tem um clube, torce por todos. Até porque o desempenho dos times influi diretamente na FCF. Hoje, a de Santa Catarina é a quinta melhor federação brasileira. Por isso há quatro vagas asseguradas para o Estado na Copa do Brasil – distribuídas em três pelo Campeonato Catarinense e uma pela Copa Santa Catarina. Porém, uma eventual queda para a sexta colocação no quadro da CBF pode reduzir a quantidade de postos no mata-mata nacional.

– Dou chute no ar tentando ajudar a bola do Avaí entrar no gol. É assim durante jogos do Figueirense, do Criciúma, da Chapecoense e outros clubes do Estado. Brigamos por todos para representar bem o futebol de SC no ranking de federações. Se viermos a cair no ranking, perdemos uma vaga na Copa do Brasil. Se o Avaí cair de divisão, pode ficar complicado para 2019 e a Copa Santa Catarina pode não dar vaga para a Copa do Brasil.

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Copinha

O conselho técnico do Catarinense também tratou da Copa Santa Catarina de 2018. Ainda sem datas definidas, a expectativa é de tenha pelo menos quatro times como neste ano. Estão asseguradas seis vagas para times que disputaram a Série B do Estadual, previsto para terminar ao final de agosto. De acordo com Rubinho, a estimativa é que mais times da elite do Estado estejam presentes, com até 12 equipes, espera.

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