A fusão de duas gigantes mundiais de telefonia cria a CorpCo e vai acirrar ainda mais a já disputada corrida de operadoras pelos clientes brasileiros. Ao se unir à Portugal Telecom, maior companhia lusitana do setor, a Oi ganha fôlego e tentará recuperar o espaço perdido no país nos últimos anos.
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Apesar de ainda manter a liderança no mercado de telefonia fixa, a Oi via sua participação no mercado ficar menor a cada ano. O alto endividamento da empresa impedia novos investimentos, uma sentença de morte no ramo da tecnologia. Estimativas dão conta de que a união representará uma entrada de R$ 14,1 bilhões nos cofres da companhia.
– A fusão consolida uma parceria que já existia entre as duas empresas. Não traz prejuízo para os clientes, já que as operadoras não eram concorrentes diretas. Pelo contrário, com mais investimentos, a Oi terá maior capacidade de melhorar a qualidade de seus serviços – explica Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
A CorpCo, multinacional criada pela junção das duas empresas, nasce com 100 milhões de clientes e faturamento de R$ 37,45 bilhões. O maior benefício, no entanto, deve vir com as melhorias na gestão, avaliam especialistas. Entre os analistas de mercado, prevalecia a visão de que os controladores da Oi agiam para defender seus próprios interesses. O anúncio da entrada dos portugueses no grupo de controle – devem ter 38% da nova companhia – repercutiu bem no mercado, e as ações preferenciais da Oi avançaram 5,21% e as ordinárias, 3,57%.
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– Os sócios estavam basicamente querendo retorno sobre o investimento. Com a receita caindo e lucro baixo, a empresa nunca mudou a política de divisão de lucros, algo problemático num setor que precisa investir – diz Ari Lopes, da consultoria Informa.
O anúncio da fusão entre Oi e Portugal Telecom acontece uma semana depois da espanhola Telefônica, que controla a operação da Vivo no país, aumentar a participação na companhia Telco, principal acionista da Telecom Itália, responsável pelas operações da TIM no Brasil. Na prática, mesmo que indiretamente, Vivo e TIM passariam a ter o mesmo controlador.
Eduardo Tude, da Teleco, explica que a consolidação de grandes companhias é tendência mundial, e tem ocorrido com frequência na Europa.
– Como boa parte dos negócios são globais, uma fusão lá pode repercutir aqui. É o que ocorre agora, por exemplo, com a Vivo e a TIM. Nesse caso, sim, haveria concentração no mercado, causando mais prejuízos – avalia.
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O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que na semana passada criticou o negócio envolvendo a Vivo e a TIM e foi, dias depois, desautorizado pela presidente Dilma Rousseff, disse ontem que a união da Oi e da Portugal Telecom é positiva para o país.
Quem é quem
Oi
É líder em telefonia fixa no Brasil, mas vem perdendo mercado para empresas que focam em banda larga. A fusão com a Portugal Telecom pode dar novo fôlego.
Funcionários: cerca de 15 mil
Faturamento aproximado: R$ 7,39 bilhões
Claro
Controlada pelo mexicano Carlos Slim, dono do Grupo América Móvil e um dos homens mais ricos do globo. No Brasil, o magnata também controla a Embratel e a Net.
Funcionários: cerca de 20 mil
Faturamento aproximado: R$ 12 bilhões
Vivo
Controlada pela espanhola Telefônica, tem a maior participação do mercado de telefonia móvel no Brasil e é uma das principais operadoras de serviço fixo.
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Funcionários: cerca de 20 mil
Faturamento aproximado: R$ 33,93 bilhões
TIM Brasil
A empresa é uma subsidiária da Telecom Itália no Brasil. Atualmente ocupa o segundo lugar em telefonia móvel no país.
Funcionários: cerca de 10 mil
Faturamento aproximado: R$ 17 bilhões
Portugal Telecom
É líder em telefonia fixa em Portugal e detém parcela importante no mercado de telefonia móvel no país. Já tinha parte das ações da Oi, e com a fusão passa a ter 38% da nova companhia.
Funcionários: 33,5 mil
Faturamento anual: 3,7 bilhões de euros
Telecom Itália
Principal empresa de telecomunicações da Itália. Fundada em 1994 pela junção de várias empresas estatais, e privatizada três anos depois. É quem comanda as operações da TIM no Brasil.
Funcionários: 83 mil
Faturamento anual: 29,5 bilhões de euros
Telefônica
É a maior empresa espanhola de telecomunicações. No Brasil, controla a Vivo. No início do mês, aumentou a participação na Telco, principal acionista da Telecom Itália, que esta à frente da TIM.
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Funcionários: 272 mil
Faturamento anual: 62,3 bilhões de euros