Apenas na capital catarinense, a Casan contabiliza 6327 casos de “gatos” na rede de fornecimento de água, resultando em indicadores de perdas maiores para a oferta do serviço essencial de distribuição. O total de imóveis que consomem água tratada pela Casan sem o devido pagamento representaria em torno de 6% do número total, resultando em um impacto financeiro negativo de cerca de R$20 milhões – parcela considerável do que é necessário para construir uma estação de tratamento de esgoto nova.

Continua depois da publicidade

> Florianópolis tem mais de 6 mil casos de “gato” na rede de água

O tema, que foi apontado pelo colunista da NSC Renato Igor no início deste ano, acende um alerta sobre as estratégias que podem ser viabilizadas, como a disseminação correta de informações e conscientização da população a respeito deste tema. Estudo da Casan aponta que áreas com restrições de acesso à leitura, dificuldades na manutenção de hidrômetros e cavaletes, ou que possuem algum impeditivo somam 2620 imóveis sem instalação devida do hidrômetro.

O que seria possível construir com R$ 20 milhões

Considerando exemplos recentes de estações de tratamento de água construídas, a Casan lembra que a ETA Araquari, com tratamento convencional de ciclo completo e vazão de 200 litros por segundo, custou R$ 29 milhões. Ou seja, quase dois terços poderiam ser viabilizados com o montante. No caso da ETA Biguaçu, também de tratamento convencional de ciclo completo, mas vazão de 700 litros por segundo, o investimento foi de R$ 76 milhões – seria possível pagar mais de um quarto do montante total.

Santa Catarina possui 329 estações de tratamento pela Casan, sendo a maior parte delas, 166, de simples desinfecção. Outras 76 são compactas metálicas, 37 convencionais, entre outros tipos.

Continua depois da publicidade

A instalação de uma nova estação seria de extrema importância. Devido ao crescimento acelerado da região metropolitana, a Casan está licitando uma nova ETA de 700 litros por segundo no município de Biguaçu para atender ao sistema integrado de abastecimento da Região Metropolitana de Florianópolis – afirma o diretor de operações e expansão da Casan, Pedro Joel Horstmann.

Entenda como funciona o tratamento de água

Desde a represa até a adutora, reservatório elevado e rede de distribuição para a população local, a água passa por um amplo processo de tratamento, a partir da inserção de substâncias químicas, floculação com a formação de coágulos para agregar e facilitar a retirada da sujeira, decantação, com separação de misturas heterogêneas, de líquidos e sólidos e filtração.

Estrutura de Estação de Tratamento da Casan, na ETA Santa Cecília (Foto: Casan)

As estações de tratamento de água são as unidades estruturadas para realização dessas etapas após a captação da água para que ela seja tratada e possa ser disponibilizada para consumo humano. Se o tratamento não estiver adequado, as impressões mais comuns são alterações no gosto, cor e cheiro, segundo o engenheiro ambiental e sanitarista Eduardo Baffa.

– A água precisa estar bem transparente para estar própria. No entanto, ainda que haja um cheiro forte de cloro, isso é mais perceptível quando chove, não é um problema, pois cloro e flúor são inseridos no processo – afirma o engenheiro.

Continua depois da publicidade

Baffa detalha que, primeiro, são adicionados cloro e outras substâncias que se juntam às impurezas da água, fazendo com que elas fiquem suspensas para fazer a filtragem. Os tipos de substâncias adicionais diferem, dependendo do processo utilizado em cada estrutura.

– Nos procedimentos da ETA de Cubatão, que abastece a grande Florianópolis e parte da Ilha, por exemplo, é adicionado o sulfato de alumínio e a água depois passa por filtro de carvão ativado, para depois ser direcionada às adutoras que levam para o consumidor final – completa.

Segundo Baffa, os gatos são prejudiciais ao consumidor, pois quando a companhia não pode estimar ao certo o consumo que as ligações demandam, todos os clientes são afetados pelas perdas, e os consumidores que fazem os processos adequadamente precisam pagar pela água utilizada por quem não paga. Além disso, com a rede de distribuição mais pressionada, problemas como falta d’água podem se tornar mais comuns, o que reforça a necessidade de conscientização da população, verificação, denúncia e fiscalização de situações irregulares, além da ampliação da capacidade de oferta.

Saiba mais sobre a Casan no especial da companhia.

Leia também

Chuva é bênção no Oeste e sinal de alerta no Alto Vale na distribuição de água

Casan projeta investimento bilionário em quatro novas estações de esgoto em Florianópolis