O furacão Laura atingiu a costa da Louisiana, nos Estados Unidos, na madrugada desta quinta-feira (27), com ventos de até 240 km/h. Houve ao menos uma morte, além de inundações e cortes no abastecimento de energia de milhares de moradores.
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Uma menina de 14 anos morreu quando uma árvore caiu sobre sua casa, em Leesville, de acordo com uma porta-voz do governador da Louisiana. O estado trabalha com a possibilidade de haver mais fatalidades.
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De acordo com meteorologistas, Laura é um dos fenômenos climáticos mais poderosos que já atingiram o país e, nos próximos dias, pode causar ainda mais danos.
Segundo o Serviço Meteorológico Nacional, o furacão pode formar uma enorme parede de água com cerca de 65 km de extensão e altura equivalente a um prédio de dois andares. As ondas decorrentes do fenômeno podem avançar até 50 km continente adentro e o nível das águas pode subir entre 4,5 e 6 metros acima do normal.
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“Extremamente perigoso, o furacão de categoria 4 Laura tocou o solo perto de Cameron, na Louisiana”, afirmou o Centro Nacional de Furacões (NHC) em um boletim publicado nesta quinta-feira.
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Os registros do NHC indicam que Laura atingiu o continente por volta de 1h (3h, no horário de Brasília) causando “tempestade catastrófica, ventos extremos e inundações repentinas” em várias regiões do estado.
Três horas depois, o furacão foi rebaixado para a categoria 3, com seu núcleo a cerca de 50 km ao norte-noroeste de Lake Charles, na Louisiana. A velocidade dos ventos caiu para 195 km/h, mas eles ainda foram fortes o suficiente para estourar as janelas do Capital One Tower, o segundo maior edifício da cidade.
Mais tarde, Laura continuou enfraquecendo e chegou à categoria 2, com ventos estimados em até 168 km/h, mas ainda oferece riscos graves, segundo os meteorologistas.
No final da manhã, o furacão caiu mais um nível e chegou à categoria 1 – a mais branda, porém ainda perigosa – com ventos de até 120 km/h.
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De acordo com o físico Evandro Moimaz Anselmo, doutor em meteorologia pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, os furacões tendem a perder força quando chegam ao continente porque a sua principal fonte de energia é a água dos oceanos.
Em terra firme – mais fria e seca –, eles perdem essa fonte e se dissipam gradualmente.
“Durante este processo de dissipação do Laura no continente, as chuvas intensas deverão causar danos, principalmente nos próximos três dias, e ao longo da sua trajetória sobre os estados de Louisiana e Arkansas.”
As condições atmosféricas da região Sul dos EUA indicam, segundo explicação de Anselmo à reportagem, “desintensificação progressiva de furação para tempestade tropical e depressão tropical nos próximo cinco dias”.
Segundo previsão do NHC, “o centro do Laura vai continuar a se mover para o interior cruzando o sudoeste da Louisiana”. Em um alerta divulgado na manhã desta quinta, o órgão pediu que os moradores da região que ainda não tinham sido evacuados buscassem proteção imediata.
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Apesar do risco iminente, muitas pessoas escolheram ficar em casa, contrariando as ordens de evacuação obrigatória na Louisiana e no Texas que abrangem cerca de 620 mil moradores dos dois estados.
Autoridades locais reforçaram as recomendações dizendo que levaria horas até que pudessem sair para iniciar as missões de busca e resgate. O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu aos moradores das áreas afetadas que seguissem as orientações.
“Laura é um furacão muito perigoso e está se intensificando rapidamente”, disse o republicano em uma publicação no Twitter. “Meu governo continua colaborando totalmente com os gestores de emergência estaduais e locais”.

Moradias temporárias foram organizadas às pressas fora da zona de emergência para os residentes evacuados, e equipes de emergência estavam estrategicamente posicionadas, de acordo com agências estaduais e federais.
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Em Vermilion, ao leste da primeira cidade atingido pelo Laura, o gabinete do xerife publicou um aviso severo em uma rede social:
“Se você decidir ficar em casa e não conseguirmos chegar até você, anote seu nome, endereço, número do seguro social e contatos de parentes próximos e coloque em um saco plástico vedado em seu bolso”, diz a publicação.
Em Lake Charles, Jimmy Ray, um morador ouvido pela agência de notícias AFP, disse que sua família tentaria, a princípio, “aguentar dentro de casa”, mas viu “que o furacão ia ser muito forte”.
Outra moradora, Patricia Como, contou que seus irmãos, primos e outros membros da família decidiram ficar, mas ela não queria correr o risco. “Não vou brincar com Deus”, disse.
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Angela Jouett, que lidera a operação de evacuação na cidade, informou que novos protocolos foram implementados devido à pandemia do coronavírus. Segundo ela, as pessoas que entram nos centros de evacuação usam desinfetante nas mãos, passam por controles de temperatura e mantêm distanciamento físico.
No Texas, o governador Greg Abbott também pediu aos residentes que evacuem suas casas. “Eles têm apenas mais algumas horas para escapar dos danos”, disse a uma emissora local.
“Esta é uma tempestade muito perigosa, mais forte do que a maioria que já cruzou” as costas do estado, acrescentou, insistindo para que a população faça “tudo que for possível para sair do caminho” do Laura.

Abbott também sugeriu que quem tiver condições financeiras deve procurar refúgio em hotéis, para diminuir o risco de contaminação pelo coronavírus. O Texas é um dos estados americanos mais atingidos pela pandemia.
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A cidade texana de Port Arthur, com população estimada em 54 mil habitantes, estava praticamente abandonada na noite de quarta-feira. Apenas alguns postos de gasolina e uma loja de bebidas mantiveram as portas abertas.
“As pessoas precisam de vodca”, disse Janaka Balasooriya, um funcionário. Ouvido pela Reuters, ele disse morar a alguns quarteirões de distância da loja e que enfrentaria o Laura em casa.
Na Ilha de Galveston, cidade que sofreu com o furacão mais letal da história dos EUA em 1900, com milhares de mortos, o prefeito Craig Brown disse que as autoridades estão monitorando de perto a situação.
“Tivemos uma boa cooperação de nossos residentes na evacuação”, disse ele. “Se eles quiserem ficar, nós permitiremos”, mas “se eles ficarem, é possível que não tenham nenhum serviço de emergência disponível”, esclareceu.
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Em Nova Orleans, devastada pelo furacão Katrina, de categoria 5, há 15 anos, o histórico Bairro Francês ficou sem turistas, e sacos de areia foram empilhados diante de portas e janelas. Os edifícios de arquitetura colonial foram protegidos com chapas de madeira.
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“Não estou preocupado com a água que entra com a tempestade, mas sim com a chuva e as bombas sem funcionar. É isso que vai causar as enchentes”, disse à AFP Robert Dunalp, empresário que não se esquece do furacão que deixou 1.000 mortos.

Antes de chegar aos EUA, Laura passou como tempestade tropical por Cuba, onde provocou fortes chuvas e alguns danos. No fim de semana, a tempestade provocou 25 mortes no Haiti e na República Dominicana.
De acordo com o NHC, a temporada de tempestades no Atlântico, que vai até novembro, deve ser uma das mais severas. Os meteorologistas preveem até 25 fenômenos, dos quais o furacão Laura é o 12º até o momento.
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