Enquanto a Câmara de Vereadores de Joinville avalia a possibilidade de aumentar o prazo para a adequação da Lei da Sacolinha, que entrou em vigor na sexta-feira passada, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) começou a fiscalização nos sete maiores supermercados da cidade.
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Em um primeiro momento, é observado se o comércio está orientando os clientes e se há alternativas. Porém, a fiscalização mais efetiva da lei ainda não tem data para começar.
– Estamos montando um plano de ação para saber como iremos agir – explica a coordenadora de fiscalização da Fundema, Luciele Saragossa.
Isso porque, além de checar se existe a placa com informações sobre o desconto de R$ 0,03 para cada cinco itens que o consumidor levar em sacolas retornáveis, a Fundema terá que verificar se os supermercados têm um local onde os clientes possam devolver as sacolas plásticas.
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– Temos de saber se as sacolas recolhidas estão recebendo o destino correto – explica a presidente da Fundema, Maria Raquel de Mattos.
Caso o comércio não esteja cumprindo a norma, e não ofereça outras opções a não ser as sacolinhas, o supermercado será notificado e terá um período de adequação.
– O prazo vai depender de cada situação – diz a presidente.
Alerta para abusos O Procon também começou a fiscalizar os supermercados, mas com um outro foco. De acordo com o gerente Jorge Nemer Filho, o órgão percorreu os principais supermercados para fazer um levantamento de preços dos sacos de lixo.
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– Vamos monitorar para averiguar se não está havendo abuso e alteração dos preços – explica.
Mas, segundo ele, até o momento, não houve reclamações ao órgão por causa da nova lei. A Promotoria de Meio Ambiente de Joinville também está avaliando a Lei das Sacolinhas. Um estudo foi encomendado ao Centro de Apoio ao MPSC, em Florianópolis.
– Estamos buscando embasamento para dizer se esta lei trará repercussão negativa, para ajuizar, se necessário, uma ação para pedir a suspensão dela – explica o promotor Cristian Richard Stahelin Oliveira.
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Segundo ele, o estudo será realizado por técnicos e deve ser concluído nas próximas semanas, já que a lei está em vigor, e o pedido foi feito com urgência.
SAIBA MAIS: Três projetos, que propõem adiar o início do prazo de adequação à lei, aguardam por votação na Câmara. Mas como os vereadores estão analisando a possibilidade de realizar audiência pública sobre o tema, a previsão é de que o tema continue em análise na Comissão de Legislação somente depois das eleições. ??
Ambiental teme efeito na coleta de lixo
A direção da empresa Ambiental, concessionária responsável pela limpeza urbana em Joinville, afirma que a nova lei não trará benefícios.
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– Ambientalmente, não traz ganho, só transtornos para as pessoas e para a coleta seletiva – diz o gerente regional, Luiz Antônio Weinand.
Segundo ele, a sacolinha não é a vilã no aterro sanitário.
– O material é usado pelos consumidores para embalar o lixo, representa de 3% a 7% do volume do lixo, e representa a parte útil de todo o plástico que chega ao aterro, que representa 30%. Se tem uma vilã, é a garrafa pet – afirma.
A preocupação da empresa é com a coleta seletiva. Segundo Weinand, sem a sacola plástica, as pessoas terão de comprar sacos de lixo ou usar caixas de papelão para armazenar o lixo doméstico, o que não é recomendado.
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Ele argumenta que o papelão é mais poluente, porque a tinta usada tem metais pesados, e esse é um material que vem sendo reciclado. Conforme Weinand, pesquisas mostram que nas cidades onde a Lei da Sacolinha entrou em vigor, o preço do saco de lixo aumentou até 400%, impactando o orçamento das famílias em pelo menos R$ 15 ao mês.
– A venda de sacolas permanentes aumentou, mas sem trazer reflexos positivos para a economia brasileira, já que 80% das sacolas retornáveis vêm da China – complementa.
Para Weinand, outras medidas seriam mais eficientes para amenizar o desperdício de sacolinhas.
– No Rio Grande do Sul, o cumprimento da norma da ABNT, que determina que as sacolinhas plásticas sejam mais reforçadas, já resultou na redução de 30% no consumo de sacolas – exemplifica.
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– Com campanhas de conscientização, conseguiríamos reduzir o uso de sacolas em mais 15% – afirma.
MURAL: E você, o que acha da lei das sacolinhas em Joinville?