O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que estava refugiado desde 2012 na embaixada do Equador em Londres, foi preso nesta quinta-feira (11) pela polícia britânica. Mais cedo, o presidente equatoriano, Lenín Moreno, suspendeu o asilo diplomático que havia sido concedido ao ativista australiano, de 47 anos.

Continua depois da publicidade

Segundo a Scotland Yard, a polícia foi convidada pelo embaixador do Equador para ir ao local. Conforme nota oficial, Assange foi levado para uma delegacia do centro de Londres, onde permanecerá até audiência com um juiz "o mais rápido possível".

Imagens exibidas por canais de televisão locais mostraram agentes britânicos retirando Assange, com uma longa barba branca, do edifício da representação equatoriana (veja abaixo).

O criador do WikiLeaks, site que divulgou milhares de documentos secretos dos Estados Unidos, entrou na embaixada para escapar da extradição para a Suécia, onde a Justiça queria interrogá-lo como suspeito de ter cometido crimes sexuais, os quais são negados por ele. Este processo foi arquivado.

Em dezembro, o jornal New York Times revelou que o governo equatoriano manteve negociações com autoridades norte-americanas sobre a expulsão de Assange em troca do alívio de dívidas.

Continua depois da publicidade

Veja o momento da prisão de Assange:

Disputa no Equador

A plataforma de difusão de documentos secretos WikiLeaks, que alertou há vários dias que o presidente equatoriano estava disposto a retirar de Assange a proteção diplomática concedida há quase sete anos por seu antecessor, Rafael Correa, denunciou imediatamente a decisão de Quito como "ilegal" e "em violação ao direito internacional".

"Lenín Moreno, nefasto presidente do Equador, demonstrou sua miséria humana ao mundo, entregando Julian Assange – não apenas asilado, mas também cidadão equatoriano – à polícia britânica", tuitou Correa, que agora vive asilado na Bélgica. "Isto coloca em risco a vida de Assange e humilha o Equador. Dia de luto mundial", completou.

Na última terça-feira (2), o Lenín Moreno acusou Assange de "violar repetidamente" as regras de concessão de asilo. A nacionalidade equatoriana concedida ao hacker também foi retirada.

Continua depois da publicidade

— Não é que ele (Assange) não possa se expressar livremente, mas ele não pode mentir, muito menos hackear contas ou interceptar ligações telefônicas privadas — declarou Moreno à imprensa equatoriana.

Relembre

Assange se refugiou na sede equatoriana em meados de 2012, pedindo proteção. Após dois meses de confinamento, o então presidente Rafael Correa (2007-2017) concedeu asilo diplomático em agosto do mesmo ano.

Na época, Assange estava enfrentando uma ordem de prisão europeia. A Suécia reivindicava sua extradição por acusações – que não prosperaram – de alegados crimes sexuais.

No entanto, Londres se recusou a dar a ele uma conduta segura, e a Justiça britânica pediu sua prisão por violar as condições de liberdade vigiada no caso aberto na Suécia, que foi então arquivado.

Continua depois da publicidade

O especialista em computação sempre sustentou que tudo era um plano dos Estados Unidos para submetê-lo à sua jurisdição e fazê-lo pagar com a pena de morte o vazamento de milhares de segredos oficiais através de seu portal WikiLeaks.

Em 2017, o Equador garantiu a Assange a nacionalidade equatoriana e o nomeou conselheiro na embaixada em Moscou para que ele pudesse deixar o Reino Unido protegido por imunidade diplomática. Londres nunca reconheceu essa designação, então a embaixada cancelou a nomeação.