No banco dos réus, no Fórum de Palhoça, Davi Schroeder, o Gângster, 30 anos, olhou para o juiz e disparou:

Continua depois da publicidade

– O senhor quer saber o que sobre o PGC?

Intimidador, olhos fixos para o interlocutor, sem piedade. Um perfil voltado para a maldade, conforme relatam policiais.

Gângster é um dos fundadores do Primeiro Grupo Catarinense (PGC). Depois, além de tesoureiro, também teria o responsável por dar, na cadeia, as ordens internas de punição a serem feiras nas ruas.

Continua depois da publicidade

Pela polícia, o ex-morador do Bairro Bela Vista, em São José, foi considerado fundamental para levar à frente a investigação dos atentados em Santa Catarina e para convencer a Justiça em autorizar prisões e buscas de criminosos, além das transferências de líderes da facção para penitenciárias federais, em fevereiro.

No mundo do crime, Gângster é um traidor que está jurado de morte. A trajetória dele mostra as contradições que vão de encontro ao lema do PGC, cujo estatuto prega lealdade entre os integrantes.

Em depoimento à Deic, Gângster recheou os policiais com informações sobre a facção, seus membros e ex-cúmplices.

Continua depois da publicidade

O interrogatório foi em 22 de janeiro deste ano, oito dias antes de eclodir a segunda onda de ataques no Estado. Em quatro páginas, citou ao delegado Antônio Carlos Seixas Joca mais de 60 nomes – todos supostos criminosos envolvidos com o bando.

A polícia investiga a motivação das suas declarações. Nos bastidores, suspeita-se que o racha seja motivado pela função que Gângster exercia como tesoureiro da facção e o dinheiro que era arrecadado com o dízimo cobrado pela quadrilha.

Entre os delatados por ele estão supostos chefes da organização presos em fevereiro. Policiais avaliam o seu gesto como prova do quanto o envolvimento com o crime é carregado de divisões, traições e rachas.

Continua depois da publicidade

Gângster cumpriu oito anos de prisão como representante do PGC no pavilhão 4 da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, a ala em que ficam os presos da facção e a qual disse ter deixado havia dois anos e meio.

Esta não foi a primeira vez que ele causou polêmica. Em 2011, o criminoso constrangeu a polícia. Duas semanas após ser preso pela Deic, tirou a corrente que o prendia na cama de um quarto do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, pulou a janela e foi resgatado por um comparsa de moto.

A polícia o prendeu 37 horas depois da fuga, escondido em Itajaí. No mesmo ano, foi condenado a nove anos e 11 meses de prisão por tentativa de homicídio contra dois policiais militares, em Palhoça.

Continua depois da publicidade

Hoje, segundo agentes penitenciário, ele estaria com sérios problemas de saúde e preso na ala do seguro da penitenciária de São Pedro, onde ficam os ameaçados de morte.

O próprio Gângster disse à polícia que está decretado: “Sou um arquivo vivo e estou com a cabeça a prêmio”.