Independência. Para Flávio de Almeida Coelho, um dos nove fundadores do Santa, essa foi a característica determinante para o sucesso do negócio que começou há exatos 50 anos, naquele setembro de 1971. Sediado em Blumenau, mas com abrangência estadual e sucursais em outras nove cidades, o jornal revolucionou o mercado editorial catarinense ao ser o primeiro impresso em off-set e ter equipamentos que poucos veículos do país possuíam.

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Aos 79 anos, Flávio ainda se recorda bem do passado e faz uma análise das transformações do Santa. O empresário pertenceu ao grupo gestor durante os primeiros 15 anos. Vendeu as ações em 1986 e desde então não tem ligação com a empresa. Mas só formalmente. Na memória, guarda todo o afeto de quem fez parte da criação do jornal mais premiado de Santa Catarina.

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Apaixonado por Blumenau, Flávio relembra os desafios de entregar os exemplares em uma época em que as rodovias sequer eram asfaltadas. Os veículos saíam diariamente do Médio Vale em direção a todo o Estado. A cidade, que já era pioneira nas comunicações por conta da primeira emissora de televisão catarinense oficialmente instalada, saiu na frente ao lançar o primeiro jornal impresso em off-set.

Em entrevista pelos 50 anos do Santa, Flávio resgata o começo da história do jornal e evidencia que a essência, mesmo depois de tanto tempo, permanece a mesma:

Como foi a escolha do nome e aqueles primeiros anos de atuação do Santa?

Nós já tínhamos a TV Coligadas, aí resolvemos fazer um jornal de cobertura e atuação estadual. E não havia nome melhor: Jornal de Santa Catarina. Tínhamos sucursais, eu operava com 26 veículos em estrada de barro, levava o jornal diariamente aos mais longínquos lugares. Sabe o que são 500 funcionários em um jornal? A sucursal de Florianópolis tinha o telefoto, uma novidade da época [que permitia o envio da imagem de uma cidade para outra em minutos].

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Não havia curso de Jornalismo, o Jornal de Santa Catarina foi a escola por muito tempo, formamos grandes jornalistas. Os maiores profissionais dos tempos começaram conosco ou passaram por nós. Em pouco tempo tornou-se o maior e mais importante veículo da mídia impressa no Estado, deflagrou uma grande campanha de assinaturas. Conquistamos muitos troféus e reconhecimento por excelentes trabalhos, com destaque para os prêmios Esso. [O Santa coleciona cinco prêmios Esso, o mais importante reconhecimento de jornalismo do país].

E como é para o senhor ver essa transformação do Santa, a migração para o digital?

Curso natural. A mídia impressa vai se esgotar no mundo inteiro. Ou passa para o sistema que o Santa adotou e que eu acho que deu certo, ou vai se acabar.

Então o senhor acha que o jornalismo conseguiu se reinventar?

A modernidade mudou os hábitos e até o comportamento profissional, claro. Com o jornalismo digital, que eu recebo diariamente, eu tomo conhecimento de muita coisa que se não fosse vocês eu não saberia. Eu fico sabendo da vacina [contra a Covid-19], do atropelamento, do acidente, do ladrão, disso, daquilo…

Qual era a grande virtude do jornal? Por que ele cresceu e se consolidou no Estado?

Independência. O jornal mais tradicional, Estado, que acabamos criando concorrência com a nossa entrada, era propriedade do grande ex-governador Aderbal Ramos da Silva, sendo um jornal político. E nós, apesar de que tínhamos também as nossas predileções políticas, como todo mundo tem, procurávamos tratar todos os lados de forma igualitária. Isso nos deu uma linha de credibilidade muito grande. Então acho que foi isso, a credibilidade, independência e estar “em cima da matéria”. A gente fazia cobertura política, policial e econômica com muita determinação.

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Qual a cobertura mais marcante que o senhor participou com o Santa?

Eu acho que foi a grande enchente de Tubarão, em que se enterrou pessoas em valas comuns, mas não dá para dizer assim qual foi. Tiveram vários furos que não sei dizer isoladamente quais foram os mais importantes.

Em 1971, como vocês imaginavam que seria a Blumenau 50 anos depois?

Blumenau tinha um alto prestígio pelas marcas das maiores indústrias têxteis do Brasil. Tinha a expectativa de que a cidade cresceria muito, muito mesmo.

Como o senhor pensa que deve ser a Blumenau de 2071, quando o Santa fizer 100 anos?

Tenho esperanças do seguinte: Blumenau vai continuar sendo um polo de desenvolvimento muito maior do que já foi, porque as empresas passaram a fazer parte de grandes conglomerados nacionais e até internacionais. Diria que ninguém segura mais. Blumenau está colhendo, positivamente, o que plantou.

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