Os funcionários do canal público de televisão grego ERT tentavam nesta quarta-feira manter as transmissões e obter a retirada do surpreendente decreto de fechamento do setor audiovisual estatal, assinado na terça-feira por apenas um dos três partidos da coalizão governamental, o conservador Nova Democracia.

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O governo da Grécia anunciou na terça-feira o fechamento da televisão pública ERT, ao fim da programação do dia, alegando má administração ante a oposição dos sindicatos e sob pressão dos credores. Os funcionários da emissora pública continuavam trabalhando nesta quarta-feira e transmitindo a programação pela internet e em um canal local emprestado pelo Partido Comunista.

Nesta quarta-feira era possível assistir no site www.ert.gr e no canal local 902, do partido comunista KKE, um debate de jornalistas sobre o decreto da véspera, que deixa sem emprego quase 2.700 pessoas.

Os sindicatos do setor privado, GSEE, e público, Adedy, convocaram uma greve de 24 horas para quinta-feira e uma manifestação diante da sede da ERT em Atenas.

Assim como o principal partido opositor, Syriza, os sindicatos chamaram de “golpe de Estado” o fechamento da emissora e criticaram “a persistência do governo em adotar decisões antidemocráticas extremas”.

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A Grécia se comprometeu com os credores – União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional – a demitir milhares de funcionários públicos até o fim de 2014, sendo 2.000 até junho de 2013, para reduzir gastos.

A Comissão Europeia informou que está a par do fechamento fulminante da ERT e saudou a iniciativa do governo de apresentar um projeto de lei que reorganiza o serviço audiovisual público, mas insistiu na função indispensável de uma emissora pública em uma democracia.

O presidente do sindicato de funcionários do canal, Panayotis Kalfayanis, convocou uma ocupação do edifício e disse que pretende levar o à justiça europeia e à justiça grega.

-Embora desejem destruir a democracia, as leis ainda são aplicadas e vou lutar- disse à AFP.

O governo da Grécia anunciou nesta quarta-feira a apresentação de um projeto de lei que reorganiza o serviço audiovisual público no país, um dia depois de fechar de maneira fulminante a rádio e televisão pública ERT.

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O texto prevê a criação de uma sociedade anônima pública pertencente ao Estado, mas com sua própria organização administrativa e econômica sob a proteção do Estado, afirma o primeiro artigo do projeto.

-Fechamos algo que era turvo- afirmou o porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, ao apresentar o texto, apenas aos correspondentes estrangeiros, já que os jornalistas gregos estão em greve.

Segundo o texto, “o funcionamento da nova rádio e televisão grega, que deve receber o nome Nerit S.A. não depende do Estado” e “dispõe de independência editorial e de programação”.

O fechamento da ERT provocou manifestações na terça-feira diante da sede da emissora, em um subúrbio de Atenas. Os participantes chamaram de “golpe de Estado” a medida do governo, dirigido pelo primeiro-ministro conservador Antonis Samaras.

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A decisão foi tomada apenas pelo partido Nova Democracia de Samaras. Os outros dois partidos da coalizão governamental, o socialista Pasok e a esquerda moderada Dimar, eram contrários à medida.