O ano de 2014 começou mal para cerca de 400 funcionários da Metalúrgica Duque, em Joinville. Na madrugada desta segunda-feira, os colaboradores que chegaram para trabalhar no turno que começa às 4h46 se depararam com os portões da empresa fechados com correntes.

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A metalúrgica enfrenta uma grave crise financeira há mais de seis meses, marcada por atrasos no pagamento de salários. Em algumas oportunidades, trabalhadores foram liberados do serviço porque a empresa não tinha matéria-prima para a produção. Em outras, chegaram a cruzar os braços e a fazer passeatas para protestar contra a falta de transparência da Duque sobre a sua situação financeira.

Os portões fechados surpreenderam os colaboradores. Uma funcionária que preferiu não se identificar entrou em férias em 2 dezembro e retornaria em 2 de janeiro, mas, nesse meio tempo, recebeu uma ligação da empresa pedindo que ela retornasse no dia 6.

Sindicato é acionado

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Sem poder entrar para trabalhar, os funcionários acionaram o Sindicato dos Mecânicos, representante da categoria, que foi até a sede da Duque no bairro Aventureiro, zona Leste de Joinville, e negociou a abertura dos portões com o departamento de recursos humanos da empresa.

Por volta das 8 horas, os funcionários conseguiram entrar e tiveram contato com o presidente da companhia, Mário Hagemann. Em uma conversa rápida, Mário prometeu uma definição para a categoria na reunião marcada para as 14 horas desta terça-feira, na sede da empresa. O encontro será entre a diretoria da Duque e o sindicato. A reunião foi marcada ainda no fim do ano passado a pedido do Ministério Público estadual, que foi acionado pelo sindicato, já que a empresa se recusava a receber a entidade para conversar.

O presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos, acredita que Mário vai anunciar a demissão dos cerca de 800 colaboradores.

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– Se ele não tiver alternativa financeira, ele vai demitir, o que para nós é muito ruim – afirmou.

“Está difícil”, diz ex-funcionário

O operador de máquinas Odair Farias, 45 anos, cansou da situação de indefinição e aderiu ao plano de demissão voluntária na manhã desta segunda.

– Fui obrigado a pedir demissão porque a gente já está sem receber há um tempo e a empresa não está dando nenhum respaldo. Está bem difícil – desabafou o colaborador, que trabalhou na Duque por nove anos.

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Para assegurar os seus direitos, ele também vai entrar na Justiça contra a empresa.

Odair conta ainda que vem se mantendo desde novembro sem receber salário – a empresa pagou apenas a primeira parcela do 13º no início de dezembro – graças à ajuda dos dois filhos, que são adultos e ainda moram com ele e a esposa.

– Foi o primeiro Natal que eu passei sem poder comprar nada. O clima lá em casa ficou bem ruim – lamentou Odair.

Nesta terça-feira, vence o pagamento do salário de dezembro dos trabalhadores da empresa.