A diretoria da Marisol disse nesta quinta-feira (7) que não negociará diretamente com Sindicato do dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário (Stiv). Desta forma, a greve programada para iniciar nesta sexta-feira (8), às 4 horas, deve ser mantida. A definição pela paralisação ocorreu na última terça-feira e contou com a assinatura de 370 funcionários, que reivindicam reajuste de 15%.

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O presidente a malharia, Giuliano Donini, diz que em nenhum momento a Marisol se negou a discutir reajuste salarial com o sindicato, mas possui um posicionamento sobre o assunto: não negocia fora da data-base. Na visão da empresa, os acordos devem ser feitos como estipula a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

– O sindicato laboral trata com o sindicato patronal. Em respeito a CLT, aos sindicatos e a todas as empresas da nossa região, a Marisol não vai discutir isoladamente um tema que é coletivo – ressalta.

O presidente esclarece ainda que as remunerações na empresa estão dentro das praticadas pelo mercado e que realiza anualmente pesquisas para constatar defasagens salariais e os casos são tratados de forma pontual. No ano passado, 36% do quadro de trabalhadores tiveram promoções, enquadramentos e efetivações.

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– Nosso padrão está baseado em pesquisa de mercado e temos a absoluta convicção de que estamos na média de mercado. Isso é uma questão para o sindicato patronal e não será discutida fora desse ambiente, porque seria uma afronta e um desrespeito para com as outras empresas da região –

Além da reivindicação por melhores salários, os trabalhadores também questionaram uma possível falta de transparência na participação dos resultados, que no exercício de 2012 não foi pago. Donini admitiu que não houve pagamento e explicou o motivo: ‘A distribuição não ocorre somente com a geração do lucro, mas a partir de um determinado nível de lucro’. Sobre as acusações de assédio moral, Donini questiona a veracidade dessas denúncias.

– Cadê a comprovação e a materialização dessas acusações? – pergunta.

Com a iminência da paralisação, o presidente disse que a empresa não fará nenhuma medida para evitar a greve, mas quer resguardar o direito dos funcionários que não aderirem ao movimento.

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– Esperamos que isso seja feito da maneira mais palatável possível. Não faremos nenhum tipo de ameaça porque não é o nosso papel. Todas as pessoas são livres para se manifestarem. Assim como são livres para buscar outro ambiente se não estão insatisfeitas – conclui.

Greve está mantida, diz sindicato

O presidente do Sindicato do dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário (Stiv), Gildo Alves, informou que a greve está confirmada e a manifestação deverá ser pacífica.

– Vamos receber apenas os trabalhadores que quiserem parar. Os que não quiserem poderão entrar na fábrica normalmente. Não haverá nenhum tipo de coação – garante.

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Ele deixou claro que o movimento não partiu do sindicato, mas sim dos próprios empregados.

– Os trabalhados que nos procuraram e pediram o apoio do sindicato, que sempre estará ao lado dos funcionários – explica.

Sobre as formas de negociação contestadas pela Marisol (que só negocia na data-base), Gildo justifica dizendo que os trabalhadores querem um aumento superior à data-base e por isso anteciparam as tratativas.

– Os funcionários sabem da data-base, mas consideram que estão ganhando muito pouco – aponta.

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No que diz respeito aos possíveis descontos por causa da paralisação, o presidente avisa que essa será uma nova negociação depois que o movimento encerrar. Segundo ele, a manifestação deve acabar apenas quando tiver uma contraproposta aceitável da empresa.

A última manifestação no setor têxtil de Jaraguá do Sul ocorreu há mais de 12 anos durante o fechamento da empresa Jaraguá Fabril.

REIVINDICAÇÕES:

– Tratamento digno aos funcionários pelos gerentes e chefes de setor;

– Abrandamento da exigência de produção excessiva;

– Reavaliar a aplicação de penalidades tais como advertência e suspensão, com aplicação aos casos extremamente necessários;

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– Reformulação e humanização no atendimento ambulatorial, ampliação de consultas, contratação de novos médicos, aceitação de atestados enviados por outros médicos;

– Estabelecer condições de trabalho que evitem movimentos repetitivos, equipamentos ergonômicos, criação de departamento de saúde do trabalhador integrado por um dirigente sindical;

– Melhora nas condições de trabalho frente ao calor excessivo, falta de exaustão adequada e minimização de ruído;

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– Reestabelecimento do pagamento adicional de insalubridade para o setor de beneficiamento;

– Reajuste salarial de 15% a incidir sobre o salário de todos os funcionários a partir de 1ª de fevereiro

– Pagamento do PPR.