Trabalhadores da Eletrosul em Santa Catarina aderiram nesta segunda-feira à paralisação de 72 horas contra a privatização da Eletrobras e a venda das distribuidoras de energia do grupo. A paralisação havia sido aprovada em assembleia no último dia 22.

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Em nova assembleia realizada na manhã desta segunda, em Florianópolis, os funcionários também rejeitaram a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho divulgada pela Eletrobras na última quinta-feira e aprovaram o encaminhamento de greve por tempo indeterminado a partir de 25 de junho. A categoria aponta que a privatização trará prejuízos e terá impacto de até 30% nas contas de luz.

—Esse processo de privatização também vem embutido no aumento das tarifas. Se a privatização da Eletrobras acontecer, teremos de imediato um aumento de 30% nas contas de luz. Vai impactar sobre toda a sociedade — anunciou o secretário-geral do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia-SC), Eduardo Clasen Back.

Segundo o secretário, como o fornecimento de energia é considerado um serviço essencial, a paralisação não vai comprometer a operacionalidade do sistema. Equipes de manutenção aderiram ao movimento, mas serão deslocadas para os trabalhos de urgência e emergência.

Por meio da assessoria de comunicação, a Eletrosul informou que as atividades de geração e transmissão de energia não tiveram interferência por força da paralisação, mas que a adesão ao movimento afetou rotinas administrativas da empresa. Como os pleitos da categoria são direcionados à Eletrobras, a Eletrosul também informou que apenas acompanha as negociações.

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Justiça derruba decisão que impedia privatização

A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT1) a suspensão da liminar que impedia a venda de seis distribuidoras da estatal. A suspensão havia sido determinada pela 49ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro em uma ação civil pública movida por sindicatos de trabalhadores. Ela era válida até que fosse apresentado estudo sobre o impacto da privatização nos contratos de trabalho das distribuidoras.

O pedido de suspensão da liminar foi acolhido pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, desembargador Fernando Antonio Zorzenon. Na decisão, o magistrado levantou dúvidas relativas à competência da 49ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro para analisar o caso, uma vez que as distribuidoras que serão vendidas não estão localizadas no Estado.

O desembargador também assinalou que é prematuro alegar que há ameaças aos direitos trabalhistas dos empregados da Eletrobras antes mesmo da publicação do edital de privatização, que deverá disciplinar como ficarão os contratos de trabalho atuais.