Um funcionário de um colégio agrícola de Canoinhas foi demitido após uma estudante denunciar ter sido assediada sexualmente pelo homem. O caso aconteceu no fim de setembro e a jovem foi transferida de escola. O AN ouviu profissionais que atuam na instituição que, com base no relato de uma testemunha e da própria aluna, citam que ele, dentre outros contatos físicos impróprios, teria abraçado a vítima sem consentimento, além de simular ter se masturbado na frente dela. A Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina diz que acompanha o caso e deve tomar as providências legais.

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A menina tem 15 anos era bolsista na instituição. De acordo com o delegado Nelson Nadal, um inquérito policial foi instaurado no dia 21 de setembro — um dia após ela procurar a polícia. O boletim de ocorrência foi registrado pela Polícia Militar como assédio sexual, mas a tipificação do crime será definida logo após a conclusão das investigações por parte da Polícia Civil.

Segundo uma professora que trabalha no local, o funcionário investigado foi contratado pela direção há cerca de dois meses e cuidava da sala de ovos do colégio agrícola, fazendo a classificação, embalagem e armazenamento dos alimentos, além da limpeza do espaço. Ele já tinha tido passagens anteriores pela escola, em que os trabalhadores são contratados pelo governo do Estado e obedecem a uma cooperativa, o que atribui aos alunos o poder de tomada de decisões.

A mulher conta que ficou sabendo da situação após uma movimentação de estudantes e afirma que um adolescente, inclusive, presenciou a cena.

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— Foi relatado que a aluna se dirigiu pra sala nesse dia para exercer uma atividade e o funcionário a abraçou por trás. Aí ela pediu para parar, ele abraçou novamente por trás. Nesse mesmo dia, ela estava com uma dor no pulso, ele perguntou em qual deles que doía, e com qual mão que ela escrevia. Ela respondeu que era com a direita, e o homem disse “a direita é boa pra…” e fez um gesto com conotação sexual — descreve a profissional.

Uma segunda professora ainda complementa que foi registrada uma ata sobre o ocorrido, em que a jovem ainda citou que o profissional teria se escondido atrás da porta a fim de agarrá-la e, mesmo ela tendo dito “assim não, tio”, ele continuou e ainda a agarrou mais duas vezes. O relato foi confirmado por um estudante que testemunhou o caso.

— Ele ainda acabou batendo com uma toalha molhada na bunda dela — acrescenta.

Diretoria é alvo de críticas por reação sobre o caso

Durante o registro da ata, a estudante teria sugerido para que chamasse outras meninas para saber se outras situações de assédio relacionados ao mesmo funcionário, mas “o diretor se exaltou com a menina, alterou a voz e pediu pra ela cuidar do problema dela e deixar as outras de fora”, relata uma das profissionais que esteve presente na reunião.

Após isso, a aluna ligou para os pais, que teriam ido ao colégio tirar satisfação. Ela foi transferida para outra instituição há cerca de duas semanas. Segundo uma docente que deu aulas para a vítima, a estudante é bastante simples e de família humilde, por isso, a vaga significava “uma oportunidade de trabalhar com o que gosta”.

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Duas profissionais que atuam na escola e que conversaram com o A Notícia destacaram que não é a primeira vez que casos de assédio são registrados no colégio agrícola. No ano passado, um técnico agrícola terceirizado já havia sido demitido suspeito do mesmo crime, mas ele só foi desligado após “a escola pressionar” o diretor.

Uma das professoras, que trabalha há alguns anos no local, diz que o ambiente é “bem machista e misógino” e que “parte da direção sempre trata as professoras com assédio moral”.

— A nossa credibilidade como profissional sempre é questionada, porque realmente esse ambiente aqui é bastante machista. Então, a gente tem uma quantidade bem reduzida de meninas [no colégio], este ano que vieram mais meninas — retrata.

Testemunhas estão sendo ouvidas pela polícia

Segundo o delegado Nelson Nadal, neste primeiro momento, a polícia está colhendo depoimento de estudantes e, em seguida, deve ouvir professores da instituição e, por fim, o funcionário investigado.

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A expectativa é de que o inquérito policial seja finalizado no dia 21 de outubro, um mês após o caso chegar à polícia.

O que diz a Secretaria de Estado da Educação

A Secretaria de Estado da Educação, responsável pela contratação da maioria dos funcionários, se manifestou por meio de nota. Confira na íntegra:

A Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, por meio da Coordenadoria Regional de Canoinhas, informa que tem conhecimento do caso de denúncia de violência ocorrido em unidade escolar vinculada àquela regional. Esclarece que está realizando acompanhamento dos envolvidos e tomando as providências legais e administrativas cabíveis.

As coordenadorias regionais também contam com profissionais como psicólogos e assistentes sociais, que compõem a equipe multiprofissional. Essa equipe é responsável pelo direcionamento das ações de suporte psicossocial e pelas orientações e acionamento da rede de apoio intersetorial conforme definido na Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento das Violências na Escola de acordo com o fluxo do Núcleo de Educação Prevenção/NEPRE.

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