Uma funcionária da creche onde houve o ataque que deixou cinco mortos em Saudades, no Oeste de SC, relembrou os momentos de pânico e medo vividos na última terça-feira (4). Em entrevista ao G1, Larissa Menegotto contou que o autor do crime a viu dentro da escola durante o atentado.

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– Ele veio até a minha direção, calmo, caminhando. Mas quando resolvi fugir para chamar ajuda, ele fez a volta e entrou na minha sala. Eu já estava na rua gritando por socorro – recordou.

Larissa tem 18 anos e atua como estagiária na área de pedagogia. Ela foi uma das primeiras a ligar para os bombeiros para pedir ajuda após o início do ataque dentro da creche. Três crianças e duas funcionárias acabaram mortas pelo jovem de 18 anos, que entrou no local armado com uma espada e um facão.

A funcionária disse ao G1 que não viu quando o jovem chegou na creche porque estava acordando as crianças que iriam fazer um lanche. Segundo ela, naquele dia o almoço, servido ao meio-dia, atrasou e, por isso, as crianças estavam separadas em salas e não reunidas no refeitório.

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O jovem chegou na creche de bicicleta sem levantar suspeitas e estava muito calmo, segundo Larissa. Ela contou que a professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, perguntou o que o jovem queria. Neste momento foi ferida com golpes de facão.

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Quando Keli gritou e correu para uma das salas, as demais professoras conseguiram se trancar nas outras salas com as crianças. Mas o autor do ataque acabou ainda ferindo a agente educacional Mirla Renner, 20 anos, e quatro crianças menores de 2 anos. Apenas uma criança sobreviveu.

– Os momentos foram de pânico, medo. Depois veio um sentimento de incapacidade, de não poder e não ter conseguido fazer mais por eles – lamentou Larissa.

Logo em seguida,o autor do crime a viu dentro da creche. Ela telefonou para o 193 e chamou ajuda. Quando ouviu os gritos dos homens que entraram no local para conter o jovem, a primeira coisa que fez foi correr até a sala para ver o que tinha acontecido.

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– Tive a pior das minhas visões – garantiu.

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Apoio psicológico para professoras e familiares

Segundo Larissa, as professoras da creche e as famílias estão recebendo apoio psicológico. Dormir tem sido difícil e o retorno ao local deve também ser uma dificuldades, garante a estagiária. Na última sexta-feira (7), a prefeitura anunciou que as aulas ficam suspensas até 14 de maio.

– Voltar a trabalhar agora é um pensamento muito distante. É tão difícil pensar em voltar à Aquarela, passa todo o filme de novo em nossa cabeça, apesar de tentar focar sempre que crianças ficaram, crianças estão por vir e elas precisam de nós. Mas é difícil.

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Larissa também falou ao G1 sobre Saudades ser um município pacato, com poucos crimes e de não haver segurança na unidade infantil. A prefeitura diz que pediu reforço policial na cidade, incluindo nas escolas.

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– Jamais alguém imaginou algo como isso em nossa cidade, onde acontece um assalto a cada 10, 15 anos. A gente conhece todo mundo, sabe da vida e do modo que cada um vive. Era algo sem cabimento de acontecer na região, ainda mais na nossa cidade – disse.

Como foi o ataque

O jovem de 18 anos invadiu a escola Infantil Pró-Infância Aquarela na manhã do dia 4 de maio. Armado com uma espada e um outro facão, ele atacou uma professora na entrada da escola e uma agente educacional. Depois, seguiu para uma sala e feriu quatro crianças. Três delas morreram. Os corpos das cinco vítimas foram enterrados na quarta-feira no Cemitério Municipal de Saudades.

Segundo a polícia, o autor do atentado também desferiu golpes contra si próprio e foi encaminhado em estado gravíssimo a um hospital em Pinhalzinho, cidade vizinha a Saudades e depois foi transferido para o Hospital Regional de Chapecó. De acordo com último boletim médico, ele recebeu alta da UTI na sexta-feira.

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