O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o lobista e doleiro Lúcio Bolonha Funaro é um dos operadores do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Funaro foi preso nesta sexta-feira, na Operação Sépsis — desdobramento da Lava-Jato —, por ordem do ministro Teori Zavascki, a pedido do procurador.

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Janot descreve Funaro como “personagem antigo dos noticiários policiais nacionais, envolvido em grandes escândalos de corrupção do Brasil nos últimos tempos”.

— Os elementos indicam, ainda, que um dos operadores dos valores recebidos ilicitamente, ao menos, por Eduardo Cunha, é justamente Lúcio Bolonha Funaro. Ademais, o próprio Funaro solicitou e recebeu para si diversos valores provenientes de esquemas de corrupção — afirmou o procurador.

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No pedido de prisão preventiva de Lúcio Funaro, Janot sustenta que “a proximidade” entre Eduardo Cunha e o operador “é antiga e muito mais do que afirmam publicamente”.

— Embora digam que apenas se conhecem, verificou-se um estreito e pernicioso relacionamento entre ambos — relata.

Janot aponta, no documento, “recentes escândalos” em que Funaro foi citado. O primeiro episódio relacionado por Janot é o caso da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). O ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e outros cinco réus são acusados de causar prejuízo de R$ 100 milhões aos cooperados da Bancoop, no período em que ela foi presidida pelo petista (2004 a 2009).

— Apareceu no escândalo do Bancoop, afirmando que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, cobrava propina para intermediar negócios com fundos de pensão em favor do partido — relata Janot.

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O procurador se reporta a outros escândalos que marcaram o ambiente político e financeiro do País nos anos recentes, como o caso Banestado (evasão de cerca de US$ 30 bilhões), nos anos 1990, e a Satiagraha, que em 2008 pegou o banqueiro Daniel Dantas, afinal inocentado pela Justiça. Janot destaca ainda que o amigo de Eduardo Cunha foi envolvido no mensalão.

— Funaro também foi envolvido no caso Banestado e na Operação Satiagraha, na qual chegou a ser preso. Da mesma forma, Funaro foi diretamente envolvido no caso Mensalão, responsável por repassar valores da SMP&B (empresa de Marcos Valério) ao antigo Partido Liberal, em especial a Waldemar Costa Neto, por intermédio de sua corretora Guaranhus. Na época, apurou-se que a Guaranhus repassou a quantia de R$ 6.500.000,00 ao então líder do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto.

De acordo com Rodrigo Janot, “há centenas de comunicações de operações suspeitas no COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) envolvendo Funaro e suas empresas”.

— Segundo se apurou, a movimentação de Funaro se caracteriza pelo trânsito rápido de recursos, com o recebimento de recursos através de TEDs e depósitos em espécie para envio, no mesmo dia, de TEDs e pagamento de cheques emitidos, tendo realizado habitualmente transações desta natureza — relata. — Um dos grandes operadores da organização criminosa investigada na Operação Lava-Jato é Lúcio Bolonha Funaro — crava Janot.

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Em outro trecho de sua manifestação, o procurador é taxativo.

— Funaro é um dos grandes operadores da organização criminosa, responsável por sofisticada engenharia financeira que permite ao grupo criminoso ocultar e dissimular o dinheiro ilícito proveniente dos crimes praticados, o que toma patente a gravidade e a reiteração de seus atos.

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