A Comissão Catarinense Guarani Nhemonguetá convocou uma coletiva de imprensa nesta terça-feira para falar sobre as denúncias reportadas pelo DC na série especial Terra Contestada. Presente no ato, o coordenador regional da Funai Litoral Sul, João Maurício Farias, afirmou que a Funai não pega e traz índios para reservas de Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

– Não existe uma migração intensiva vinda de fora. Existe uma mobilidade, o que é bom, faz parte da dinâmica do povo Guarani – defendeu João Maurício Farias.

:: Veja aqui a página do especial Terra Contestada, com os cinco capítulos da grande reportagem

Sobre a denúncia de um índio ouvido para a reportagem, de que foi trazido de ônibus pela ONG Centro de Trabalho Indigenista, Farias disse não saber nada sobre o assunto, que não tinha essas informações e que o indígena pode ter entendido errado a pergunta, devida a uma complicação com o português.

Estavam presentes no encontro lideranças indígenas das aldeias do Estado, entre eles a cacique Eunice Antunes, da aldeia de Morro dos Cavalos, Hiral Moreira, da aldeia Mbiguaçu, no município de Biguaçu, e Marco Guarani, cacique da Terra Indígena Maciambu, em Palhoça, que é coordenador da Comissão Nhemonguetá, e chamou a

Continua depois da publicidade

coletiva.

Os dois caciques presentes do encontro defenderam a busca da área como reserva indígena devido às tradições que o povo Guarani teria com a região.

– É preferível continuar ali, onde já é terra indígena. Imagina se nós estivéssemos pleiteando uma terra boa para plantar arroz ou soja. Como seria? Seríamos exterminados – acredita Hiral.

Perguntada sobre se aceitaria a troca da área por um outro terreno, a cacique de Morro dos Cavalos disse que os moradores já estão muito ligados ao local e que esperam conseguir no futuro ter acesso, com a demarcação definitiva da reserva, a mais áreas para a subsistência dos indígenas.

:: Destino das compensações

Em relação aos R$ 11 milhões recebidos como compensações para obras na BR-101, Farias afirmou que os gastos feitos com esses recursos são auditados pelo TCU – apesar de a instituição, conforme a reportagem, questionar a aplicação. A reportagem tenta desde janeiro uma resposta sobre os gastos, junto com a Funai em Brasília, e não recebeu nenhuma resposta.

Continua depois da publicidade

No entanto, Farias disse que a Funai tem o controle desses recursos e que, com a construção de uma escola e novas casas, o valor deverá ter sido integralmente investido até o ano que vem.