Não é preciso reforçar que fumar faz mal à saúde. Mas muitas pessoas ainda desconhecem as complicações que o tabagismo pode causar durante a gravidez. Nesse período, o fumo traz vários problemas como gravidez tubária, descolamento da placenta, má formação fetal, sangramento, aborto espontâneo, nascimento prematuro, bebês com baixo peso, morte do feto ou mesmo do recém-nascido.
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O cigarro libera substâncias tóxicas, como a nicotina, que, inaladas durante a gravidez, impedem que a placenta se desenvolva adequadamente e estreitam os vasos sanguíneos, diminuindo a quantidade de sangue, oxigênio e nutrientes que vão da mãe para o bebê. “Por isso, o cigarro está associado a um grande número de casos de deslocamento de placenta, nascimentos prematuros e abortos. Estudos confirmam que gestantes fumantes aumentam o risco de aborto espontâneo em 70%, perda do bebê próximo ou após o parto em 30%, dar a luz a um bebê prematuro em 40% e ter um bebê abaixo do peso em 200%”, afirma Nilson Roberto de Melo, ginecologista e obstetra da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o aparelho cardiovascular. Assim, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao bebê quando a gestante é fumante regular.
Também é preocupante o convívio da mãe não-fumante com o pai tabagista, porque essa relação faz com que a gestante acabe absorvendo as substâncias tóxicas da fumaça e, por meio da corrente sanguínea, as transfira ao feto. Melo reafirma: Os fumantes não são os únicos expostos à fumaça do cigarro, pois os não-fumantes também são agredidos por ela, passando a ser fumantes passivos.
A fumaça que sai da ponta acesa do cigarro contém todos os componentes tóxicos que o fumante inala, porém, em concentrações maiores: três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, 50 vezes mais substâncias cancerígenas. Os poluentes do cigarro dispersam-se homogeneamente pelo ambiente, fazendo com que os não fumantes próximos, ou distantes dos fumantes, inalem três vezes mais substâncias tóxicas.
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Os males causados pelo tabagismo podem ser evitados no momento em que se abandona o cigarro e se inicia uma terapia orientada pelo médico, acompanhada de mudança geral no estilo de vida, adequação dos hábitos alimentares e exercícios físicos. No caso das mulheres que desejam ser mãe, o recomendado é iniciar o tratamento antes da gravidez, pois muitas terapias não possuem indicação para o período de gestação. Atualmente, o tratamento farmacológico do tabagismo inclui terapias com ou sem a reposição da nicotina, entre elas, a nova geração de medicamentos como a vareniclina, desenvolvida especificamente para o tratamento da doença.