São frequentes os casos de quem se frustrou com a profissão por escolhas feitas com base em estereótipos, como explica a psicóloga do Laboratório de Informação e Orientação Profissional (Liop) da UFSC, Marúcia Bardagi. Para acertar quando marcar o “X” no curso, comece sabendo mais sobre as graduações e desfazendo essas ideias equivocadas.
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Liderança na saúde
Durante uma palestra no colégio, Gilson Gehring Júnior, 31 anos, encantou-se pela Enfermagem. Depois da faculdade na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), três especializações e experiências em hospitais e consultorias, Gilson exerce a função de gerente de Enfermagem do Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis, coordenando 170 pessoas, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem. Quando se refere às suas atribuições, Gilson descarta a ideia de submissão ao médico.
– O enfermeiro é o líder da equipe de saúde. Somos responsáveis por administrar as emergências, os protocolos, os materiais, e também as pessoas, fazendo a avaliação, a seleção e o treinamento da equipe. No centro cirúrgico, ele é o maestro, que deve manter o ritmo para tudo correr bem – explica.
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Ao escolher a profissão, ele recomenda focar nessas atribuições e não na relação – errada – entre a profissão e o gênero feminino. Afinal, o fato de 25 mulheres e cinco homens constituírem a equipe de enfermeiros no SOS Cárdio se torna só um detalhe enquanto todo mundo corre pela recuperação de pacientes.
Dos primeiros fios ao manequim
A Moda pode parecer relacionada a um universo de glamour e passarelas, longe de teoria e pesquisa. Jamilly Machado, 23 anos, que se formou no curso da Udesc em 2011, também previa só aulas práticas e se deparou com disciplinas como Sociologia e Marketing da Moda. Antes voltado para a formação de estilistas, o curso, agora, é chamado de “Bacharelado em Moda, com habilitação em Design de Moda”.
Desde 2007, a formação tem como objetivo preparar não só para o desenho de roupas, mas para se construir uma visão ampla da cadeia produtiva _ desde a concepção de uma peça, da história que a envolve, até a identificação do perfil do consumidor. A sorte de Jamilly é que, mesmo surpresa com a grade, ela se encaixou a ela perfeitamente.
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– Gostar de comprar roupas e de se arrumar não é o suficiente para se dar bem no curso – conta a jovem.
É importante também ter em mente todas as opções do mercado. Jamilly, por exemplo, atua como editora de moda da marca catarinense Makenji, trabalhando nos conceitos das coleções, em que proposta elas se adéquam, e na divulgação das peças. Paralelamente, ela desenvolve criações em sua marca própria, a Terezza Hand Made.
Aprender e ensinar esporte
Quem imagina que cursar Educação Física é uma constante ida à academia de ginástica precisa rever seus conceitos. Pesquisa, leitura e estudo também envolvem essa faculdade, que inclui disciplinas de anatomia e fisiologia. O diretor do Centro de Desportos da UFSC, professor Edison Roberto de Souza, 55 anos, explica o foco dessa formação.
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– Hoje os alunos aprendem a ensinar o esporte, e não o esporte em si – afirma.
Souza explica que existem dois caminhos para os ingressos: a licenciatura, voltada para a formação de professores que irão atuar no ensino básico e médio ou de pesquisadores e docentes em universidades; e o bacharelado, em que o estudante se forma para trabalhar atividade física com a comunidade em geral.
A profissão vem ganhando espaço, segundo o professor. Nas escolas, o estímulo à coordenação motora tem se tornado obrigatório para as crianças. Na sociedade, a busca por mais qualidade de vida tem levado à procura por profissionais da área.
Questionamentos em prática
Quando se fala em “filósofo”, a maioria das pessoas imagina um tipo pensativo e que vive no mundo das nuvens. Apesar de a Filosofia lidar com questões profundas da existência humana, de acordo com o coordenador do Departamento de Filosofia da UFSC, Alberto Cupani, 69 anos, as pessoas da área não vivem perdidas em abstrações.
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Por causa da complexidade dos temas típicos da Filosofia, segundo Cupani, o curso também costuma assustar. Outra percepção incorreta enumerada é a relação com temas esotéricos. Na verdade, graduados em Filosofia podem optar pela licenciatura e atuar como professores em escolas e universidades, ou seguir na área de pesquisa.
A formulação de argumentos a respeito de temas até polêmicos – como a legalização do aborto e a aprovação da pena de morte – podem, inclusive, auxiliar na formulação de leis. De um modo geral, o profissional pode conduzir os alunos para terem uma visão crítica de mundo, auxiliando na formação de cidadãos. ?
Fica a dica
– Busque a opinião de estudantes e profissionais do curso que pretende fazer.
– Confronte as informações que você tem com a realidade de várias pessoas.
– Fuja daquelas fórmulas prontas: ser enfermeiro não é só ajudar o médico.
– Cuidado com a relação entre afinidades e profissões: se não é muito fã de leituras extensas e quer cursar Direito, lembre-se de que você pode desenvolver melhor o hábito.
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– Esqueça a história de profissões “de homem” e profissões “de mulher”.
– Nenhuma formação garante emprego nem é sinônimo de baixa remuneração. O sucesso no mercado de trabalho depende do momento e do trabalho do profissional.
Fonte: Marúcia Bardagi, professora do Liop.