Nem a Secretaria da Justiça e Cidadania nem o Departamento de Administração Prisional (Deap) explicaram até agora as circunstâncias da fuga de 10 presos da central de triagem no Bairro Agronômica, em Florianópolis, na manhã de sábado. As autoridades afirmaram apenas que houve erros de procedimento dos agentes, sem apontar quais foram ou a motivação. Também não esclareceram de que forma os detentos abriram a cela em que estavam.
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Pela assessoria de imprensa, a secretaria e o Deap informaram na noite deste domingo que até terça-feira, a partir de um relatório da corregedoria, haverá uma manifestação oficial. A resposta que o Estado promete dar é se houve ou não facilitação para a escapada.
Até as 22h deste domingo, nenhum dos 10 fugitivos havia sido recapturado pela Polícia Militar. São detentos envolvidos em assaltos, tráfico de drogas e furtos, a maioria da Grande Florianópolis. Os presos estavam na central de triagem, uma unidade onde ficam 200 homens e que, no ano passado, ficou conhecida por ter sido palco das duas maiores fugas do sistema prisional catarinense. Eles ganharam a liberdade após renderem pelo menos três agentes.
A informação inicial é de que teriam conseguido abrir a cela em que estavam 12 homens com a ajuda de um preso regalia – aquele que tem bom comportamento e costuma ficar fora da cela para ajudar em serviços internos. Dois presos não quiseram escapar. Por enquanto, as autoridades afirmam que houve falha de procedimento dos agentes penitenciários. Eles trabalhariam em Itajaí e não estariam habituados à rotina do lugar.
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Numa atitude incomum, a secretaria e o Deap não disseram se as grades da cela foram serradas ou se foi aberto buraco, e não quiseram esclarecer como os presos deixaram a cela. Uma sindicância aberta pela corregedoria da Secretaria da Justiça e Cidadania promete apurar as condições em que ocorreu a fuga.
Alguns agentes penitenciários do complexo afirmaram ao DC que um alerta da inteligência sobre uma eventual fuga que haveria na quarta-feira chegou a ser dado. O Deap negou a informação.
– Os indícios são de erros do procedimentos. Mas não queremos tirar conclusões antes da apuração. Posso dizer, com certeza absoluta, em mais de 30 anos em que trabalho como agente, que a central de triagem é a mais segura do Estado – declarou o diretor interino do Departamento de Administração Prisional (Deap), Euclides da Silva.
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Ele informou que quatro agentes serão investigados na sindicância e que qualquer medida preventiva – como o afastamento deles das funções – caberia à corregedoria. Sobre falhas estruturais da central, o Deap e a secretária da Justiça e Cidadania, Ada de Luca, garantiram que foram resolvidas e não servem como razões para a última escapada.
Ada anunciou a instalação do bloqueador do sinal de celular até o final da próxima semana. A muralha que cercaria todo o complexo prisional e que poderia dificultar a fuga – prometida desde fevereiro de 2011 – ainda não foi construída. Os muros erguidos recentemente isolaram apenas cada unidade prisional, como a central de triagem. Isso significa que, se o preso conseguir escapar da barreira de sua prisão, continua tendo fácil acesso ao matagal dos fundos, que leva às comunidades do Maciço do Morro da Cruz, como aconteceu no sábado.