Tijolos maciços datados dos anos 1960 estão empilhados no salão principal do que antes era o Frohsinn. Um sobre o outro, alaranjados e levemente esverdeados pelo tempo. Algumas madeiras pinho de riga ainda carregam as marcas do fogo que consumiu a casa tipo enxaimel há exatamente um ano e permanecerão sustentando o imóvel de futuro ainda incerto. As novas tábuas, agora de cambará, começam a ser erguidas nesta quinta-feira e formarão o quebra-cabeça da estrutura que foi símbolo da era de ouro do turismo de Blumenau.
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Neto do projetista da construção, Paulo Herwig precisou resgatar o projeto original para trabalhar na reconstrução pós-incêndio. Alguns dos documentos foram perdidos na enchente de 1984, mas cópias foram encontradas na prefeitura.
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A ligação de Paulo com o Frohsinn é muito mais íntima do que ser responsável por respeitar o conceito do projeto assinado pelo seu avô, Henrique Herwig, em 1968. Quando criança, o restaurante fez parte da vida em encontros de família, confirmações e almoços no espaço reservado. Ao se tornar arquiteto, levou os clientes para apreciarem a gastronomia alemã e a vista da cidade.
– Tenho uma memória afetiva. Isso talvez justifique o carinho que tenho por este lugar. Por isso a preocupação em reconstruir fielmente a nova edificação conforme a original – conta.
Esforços para deixar o projeto fiel ao passado
O cuidado para manter as características da arquitetura germânica está nos detalhes. A obra chegou a parar por quatro dias à espera da madeira: ela deveria ter 12 centímetros de espessura por 12 centímetros de largura, exatamente iguais às que restaram após o fogo.
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– As madeiras antigas vinham em medidas diferentes, o que não é usual atualmente. Tivemos que encomendar para começar a erguer a estrutura do enxaimel. Se o tempo continuar bom entregaremos antes do prazo, que é em dezembro – conta Rogério Pinheiro, sócio-proprietário da empresa Soá Construtora, responsável pela restauração do imóvel.
Na primeira etapa, quando o espaço foi limpo, tijolos, telhas e outros elementos foram guardados para reutilização.
– Luminárias, esquadrias e detalhes do forro, beiral e guarda-corpo que não foram danificados pelo fogo foram retirados, estão preservados no escritório e servirão de modelo para o detalhamento do projeto e para preservação da memória do restaurante – explica Herwig.
Carpinteiro da Soá Construtora, empresa contratada de forma direta pela prefeitura depois que não houve interessados nas licitações, Valdenete Oliveira de Souza também tem uma relação próxima com o lugar. A esposa dele trabalhou por quatro anos como cozinheira do Frohsinn.
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– Vai levar ainda algum tempo, mas que vamos endireitar isso aqui nós vamos – brinca Valdenete, que já trabalhou em diversas construções tipo enxaimel.
A obra que começou no dia 10 de junho está orçada em R$ 380 mil, valor da indenização da seguradora. A finalização dos trabalhos, como a colocação de piso, pintura e instalação de redes elétrica, hidráulica e de gás será feita pela empresa que irá explorar o espaço após o término da reforma. O mirante 180° com uma escada verde, sugestão do arquiteto, também será analisado pela prefeitura após a entrega.