O frio transformou o tradicional cenário tomado por guarda-sóis nas praias do Litoral Norte de Santa Catarina, como é comum no verão. Longe dos banhistas, o mar abre espaço para a safra da tainha, que começou em maio.
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Na praia do Forte, em São Francisco do Sul, a temporada promete ser boa, segundo o pescador Hugo do Rosário Oliveira, 63 anos. Somente na quarta-feira, a turma dele pescou cerca de 150 peixes da espécie.
– Junho é o melhor mês para pescar tainha, principalmente neste ano que a temporada começou com bastante peixe – destaca.
Pescador há mais de 50 anos, Hugo tem experiência no assunto e aprendeu os principais segredos da pesca com o pai, quando ainda era criança. Há dois anos, ele chegou a capturar mais de 3,7 mil tainhas em apenas um dia no Forte.
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Para garantir um bom lucro, ele e mais 16 pescadores acordam cedo para não deixar escapar nenhum cardume. Seis deles têm a missão de observar cada movimento da água – são os espias. Antes das 5h30, eles já estão a postos na beira do mar. O trabalho só termina por volta das 18 horas e é de segunda a segunda.
– Eles observam o mar a olho nu. Se usar óculos de sol, tem que ser polarizado para tirar o brilho – explica um dos filhos de Hugo, Guilherme da Silva Oliveira, 30 anos.
Para não correr o risco de perder nenhuma tainha, cada espia fica em um ponto diferente da praia. Um deles fica em cima de uma pedra, no meio das árvores.
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– Quando o espia vê as tainhas, ele nos chama pelo rádio ou faz sinal com o boné. Como a rede normalmente já está preparada, a gente só a lança no mar – explica.
As redes têm, em média, 700 metros. Uma delas foi produzida por Guilherme especialmente para esta temporada.
As melhores tainhas serão pescadas até o final de junho. Segundo Hugo, neste período os peixes ainda estão novos, pois saem com o vento Sul para a Norte. Entre julho e agosto, o peixe também é bom, mas não é da melhor qualidade porque já foi para o Norte e estará voltando para o Sul.
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Durante este período, a maioria dos pescadores passa o dia na praia. Para tornar a estada mais confortável, o grupo construiu duas barracas de lona. Além de cadeiras, eles também têm fogão a lenha, espaço para descansar e varal para secar as roupas.
O cozinheiro da equipe é seu Renato Leonardo Pinheiro, 58 anos. Diariamente, ele prepara feijoada e assa os peixes fresquinhos.