A acusada de matar uma grávida em Canelinha, na Grande Florianópolis, admitiu que estudou como tirar uma criança do ventre da mãe antes de cometer o crime. A confissão ocorreu durante o julgamento dela, que ocorre nesta quarta-feira (24) na Câmara de Vereadores de Tijucas, município que também fica na região.
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A ré começou a ser interrogada por volta das 17h30. No depoimento, ela admitiu que pesquisou sobre o parto e a gravidez na internet para simular os sintomas. A mulher também disse que planejou todo o crime: desde o chá de bebê falso, para a emboscada, até o lugar do ataque.
Ao ser questionada pelo MP sobre os detalhes, ela admitiu que “estudou” pelo celular como tirar o bebê do ventre da mãe e que se sentiu capacitada para isso. À defesa, ela alegou que só se arrependeu do que fez depois que foi presa.
Frieza e troca de presentes
Frieza, troca de presentes e pesquisas na internet. Estes foram alguns pontos levantados pelas testemunhas de acusação durante o julgamento.
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A primeira testemunha ouvida foi um policial que participou das investigações. Ele disse que a ré chegou a pesquisar na internet e com amigas, que já haviam sido mães, como seriam os exames para comprovar o parto e forjar provas. Além disso, ela teria enganado uma amiga, que já tinha filhos, para conseguir dados para fraudar a carterinha de gestante.
O homem afirmou, ainda, que a acusada tentou por várias vezes dificultar as investigações e induzir a polícia a erros. Ao fim do testemunho, o policial disse que “nunca viu uma pessoa cometer um crime de forma tão fria em 15 anos de trabalho”.
Também foram ouvidos dois médicos que atenderam a acusada e o bebê no dia do crime, no hospital. Um deles, inclusive, foi quem acionou a polícia após perceber os ferimentos na criança, causados durante a retirada dela do ventre da vítima.
Outras duas amigas da grávida também prestaram depoimento. Uma delas disse que a mulher chegou a presentear a ré com uma tiara, que seria para a suposta filha da amiga.
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Já o viúvo da vítima começou seu depoimento por volta das 16h. Ele disse que, no dia do assassinato, a esposa se preparava para o chá de bebê e comentou que “nem o marido nem a mãe poderia falar que sabiam da surpresa”.
Com o fim dos depoimentos de acusação, por volta das 16h30, a sessão foi interrompida para definir a substituição de uma das tesmunhas da defesa. A pessoa seria irmão da ré, que não pode comparecer por estar com suspeita de Covid-19. A última testemunha começou a ser ouvida, por videoconferência, por volta das 17h.
O julgamento começou por volta das 8h40. Segundo o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), a previsão é de que o júri, formado por quatro homens e três mulheres, chegue a um resultado ainda nesta quarta-feira (24).
A acusada responde a seis crimes, segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC): feminicídio, tentativa de homicídio, ocultação de cadáver, parto suposto, subtração de incapaz e fraude processual.
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Julgamento contou com protesto da família
Antes do início da sessão, do lado de fora da Câmara, amigos e familiares da vítima vestiam camisetas com o rosto dela e seguravam um cartaz com a frase: “Os dias passam lentos, as horas machucam como espinhos, mas temos forças e confiamos na chegada da justiça”.
Depois de cerca de uma hora do julgamento, um dos jurados precisou ser substituído após passar mal. Foram sorteados novos nomes e um novo integrante foi convocado.
Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 27 de agosto de 2020. A acusada supostamente atraiu a amiga, que estava grávida de 36 semanas, a uma cerâmica desativada, em Canelinha. Lá, a mulher golpeou a vítima com tijolos até deixá-la inconsciente. A grávida ainda estava viva quando a acusada cortou a barriga dela para retirar o bebê.
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> Fotos de bebê roubada do ventre de grávida assassinada devem ser excluídas
Depois disso, os objetos da cena do crime foram escondidos na casa da acusada, que colocou o corpo em um antigo forno da cerâmica desativada. A recém-nascida foi levada pela acusada e pelo marido até o hospital da região. Ela alegou que teve um parto espontâneo.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o objetivo da ré era pegar o bebê e criá-lo como se fosse seu filho.
O ex-marido da acusada chegou a ser preso também por suposta participação do crime, mas foi liberado em outubro de 2020.
*Com informações do G1 SC
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