Embalado pelo otimismo de colher a maior safra de soja da história, o Rio Grande do Sul não deverá ter problemas tão graves como os enfrentados pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Apesar da situação menos crítica, o Estado enfrentará situação inédita. Diferentemente de 2011, quando também colheu uma supersafra, agora a soja divide espaço com outras culturas no porto de Rio Grande.

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– Hoje, temos mais exportações de arroz, milho e trigo. As dificuldades para escoar a soja tendem a ser maiores – diz Gilberto Borgo, presidente da Associação dos Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs).

Atrelada a isso, a comercialização antecipada da safra vem aumentando. Neste ano, conforme a Acergs, mais de 35% da soja gaúcha já foi vendida com data limite para ser exportada pelo porto.

– O preço atrativo fez com que o produtor antecipasse a venda. A maioria dos contratos é para o fim de maio. Se os prazos não forem cumpridos, corremos o risco de perder vendas, como ocorreu em Santos – disse Borgo.

Quando fala em perder vendas, o cerealista se refere aos atrasos sucessivos que levaram o Sunrise Group, uma das maiores empresas comercializadoras de soja da China, a cancelar uma encomenda de 2 milhões de toneladas do Brasil.

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Responsáveis pelo escoamento de 80% da safra gaúcha, os caminhoneiros autônomos sentem na pele as dificuldades para transportar os grãos. Os percalços vão do fluxo intenso das principais rodovias de ligação,passando por condições precárias das estradas e longa espera para desembarque no porto.Isso sem falar dos gastos.

Para transportar a safra, porém, o produtor terá de arcar ainda com o aumento do custo do frete – em razão da alta no preço do diesel e da nova lei dos motoristas.Neste início de colheita, o preço para transportar uma tonelada de grãos de Passo Fundo a Rio Grande, por exemplo, passou de R$ 55 para R$ 75. À medida em que o fluxo aumentar, explica Borgo, o valor poderá chegar a R$ 90 por tonelada – depreciando em R$ 2 o valor da saca.

– É preciso organizar o fluxo de cargas, com agendamento de embarques conforme a chegada dos navios. Assim, o caminhoneiro não precisa ficar parado na beira de estrada e ainda correr o risco de ser assaltado – aponta Eder Dal?Lago, presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado (Fecam).