A passagem de uma frente fria causou forte vento nesta quinta-feira, no Litoral. A ventania foi mais intensa em Itapema, que chegou a registrar rajadas de 80 quilômetros por hora, de acordo com a Defesa Civil. Houve queda de árvores no acesso ao Mirante do Encanto e em Bombinhas, no morro que separa a cidade do município de Porto Belo.
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A ocorrência mais grave foi registrada na zona rural de Itajaí, Bairro Quilômetro 12, onde uma árvore caiu sobre uma residência e destruiu parte do telhado. De acordo com a Defesa Civil, embora o vento na cidade não tenha sido tão forte – não chegou a 40 quilômetros por hora – pode ter sido determinante para a queda. O quarto do casal, dono da casa, ficou destruído.
– Os dois só não se machucaram porque estão viajando – disse a aposentada Marlete Maria Paula, 54 anos, que é mãe da dona da casa e vive no mesmo terreno.
A árvore que despencou fica numa mata, num terreno ao lado das residências. Segundo Marlete, há risco de novos acidentes:
– Os bombeiros avisaram que, se ouvirmos estalos, temos que correr.
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A ventania ocorreu devido à passagem de uma frente fria pelo Litoral. Passados os picos de vento, as atenções se voltam agora à maré alta, que deve se repetir hoje. Ontem, o pico de maré em Itajaí ocorreu por volta das 13h, quando as águas subiram um metro. Apesar disto, não houve registro de alagamentos na cidade.
Alerta à navegação
A Marinha emitiu um alerta às marinas e embarcações, para que os navegantes redobrem a atenção à previsão do tempo. De acordo com a Epagri/Ciram, há risco de ressaca desde a tarde de quinta-feira, com picos de até quatro metros em alto-mar. O fenômeno ocorre devido à combinação de maré astronômica, que corresponde ao sobe-desce diário dos oceanos, à maré meteorológica, em que o vento empilha as ondas em direção à costa.
A situação deve se normalizar no final de semana.
Características de SC favorecem tornados
Embora sejam fortes o suficientes para causar estragos, os ventos que passaram pelas cidades da região ontem não chegam a ser classificados como tornados. A diferença está na velocidade: enquanto a ventania apresenta ventos de até 120 km/h, num tornado os ventos vão de 126 a 308 km/h.
Pode parecer tranquilizador, mas uma pesquisa apresentada no 17º Congresso de Meteorologia, que ocorreu em Gramado (RS), revelou que a região Sul do Brasil é a segunda mais propícia do mundo para registrar tornados – com exceção dos Estados Unidos.
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A última ocorrência desse tipo foi em 2009, quando seis municípios no Oeste e Extremo-oeste catarinense. Segundo o grupo de pesquisadores, formados por cinco estudantes de meteorologia do Instituto Federal de Educação, o que coloca Santa Catarina na rota dos tornados são as características geográficas: é no Sul do país que se concentra a maior quantidade de nuvens carregadas pelo calor que, em contato com o ar quente, podem se transformar em tornados – o que ocorrem em 1% dos casos.
De acordo com os dados levantados pelo grupo, o Estado teve 77 tornados entre 1976 e 2009. A maioria, no mês de janeiro.