A obrigatoriedade da instalação de freios ABS e airbags a partir de janeiro de 2014 resultará na retirada de cena de modelos do mercado brasileiro. O mais notável é a Kombi. Embora a Volkswagen não confirme a saída de seu utilitário, a velha senhora (fabricada no país desde 1957), assim como a conhecemos e com as características originais, se despede neste ano. Se for modificada para seguir as novas leis, a Kombi se transformará em um outro veículo, mesmo mantendo o nome.
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::: GALERIA DE FOTOS: a ‘guerreira’ de todas as horas
Assunto colocado como emergencial na pauta da montadora, o destino da Kombi teve uma derradeira tentativa de ser alterado. Em 2010, a fabricante passou o desafio para o alemão Dietmar Schmitz, diretor de desenvolvimento de veículos comerciais. Trabalhando na sede do grupo, em Wolfsburg, na Alemanha, o engenheiro se debruçou sobre o problema: achar um meio de colocar freios ABS e airbags na Kombi. Segundo o próprio Schmitz, foi um dos pedidos mais estranhos de toda sua carreira profissional.
Derrotado na missão, o engenheiro não conseguiu encontrar um espaço no eixo dianteiro para colocar os sensores que enviam a um computador central a mensagem para abrir as bolsas de segurança em caso de acidente. Com o desenho atual, os airbags seriam inflados para cima, tornando, naturalmente, o dispositivo inútil para sua única função: proteger o motorista e os passageiros da frente. Além disso, por ter a forma de um retângulo, a ação do freio ABS não teria a eficiência encontrada nos outros modelos.
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Por ser tão diferente em comparação aos chamados veículos comuns, a Kombi teve de passar sempre por alterações para continuar na estrada, embora a de agora pareça ser definitiva e sem solução. As mais recentes encruzilhadas enfrentadas pelo velho utilitário vieram em 1997, quando, por exigência da nova legislação ambiental, ganhou injeção eletrônica, em substituição ao carburador.
Nove anos depois, deixou de ter motor refrigerado a ar, sendo equipada com arrefecimento a água. A VW aproveitou e colocou também o propulsor bicombustível. A Kombi se modernizava como podia, recebendo o selo flex. Com isso, o típico som do motor, aquele mesmo do Fusca, desaparecia, assim como baixavam os riscos de incêndio, mais provocados por parte dos fios elétricos estarem colocados antigamente junto ao tanque de gasolina.
Ironicamente, a despedida da Kombi ocorre em meio ao sucesso de vendas do veículo no Brasil. Por não ter opositores e pela praticidade de seu uso, o utilitário da VW continua emplacando cerca de 2 mil unidades mensais.
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