No Brasil, o número de idosos com mais de 65 anos já é quase igual ao número de crianças com menos de cinco anos: 7,6% e 7,4%, respectivamente, segundo dados do Censo do IBGE, de 2010. Junto com o aumento da expectativa de vida, surgem doenças e lesões relacionadas ao processo de envelhecimento. Uma das principais é a fratura dos quadris, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública, que afeta países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil, a estimativa é de 100 mil casos ao ano. Nos Estados Unidos, são gastos cerca de 10 bilhões de dólares, anualmente, para tratar o problema.
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– As fraturas do fêmur proximal (quadril) são lesões traumáticas peculiares à idade avançada. Relacionam-se a problemas posturais e de marcha, quedas e traumas comuns em ambiente doméstico. Representam, em média, 50% das internações de idosos por trauma em prontos-socorros. Cerca de 80% desses casos ocorrem em idosos capazes de andar sozinhos e vivendo em comunidade – revela o ortopedista Marcelo Cavalheiro , integrante do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador da divisão de Artroscopia do Quadril na Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Osteoporose é a principal causa
Segundo o especialista, esse tipo de fratura é mais comum entre as mulheres idosas.
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– Muitas vezes, ocorrem em consequência do alto grau de osteoporose que apresentam, sem que tenha acontecido algum trauma – explica.
Isso porque o esqueleto do ser humano acumula massa óssea até a faixa dos 30 anos. A partir de então, perde-se 0,3 % ao ano. A mulher tem uma perda maior nos 10 primeiros anos pós-menopausa, podendo chegar a 3% ao ano, principalmente na mulher sedentária. Segundo a OMS, 1/3 das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras de osteoporose.
– Por isso, estima-se que 50% das mulheres com mais de 75 anos venham a ter alguma fratura osteoporótica. Em homens, esse índice cai para 25% – destaca o ortopedista.
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Índice de mortes é alto
Pesquisas mostram que a fratura do quadril é a lesão ortopédica que mais resulta em morte devido às suas consequências diretas e indiretas.
– De todas as fraturas associadas à osteoporose, as que apresentam maiores consequências para a qualidade de vida do indivíduo são as da extremidade proximal do fêmur, com um índice médio de mortalidade de 30% nos primeiros seis meses após o trauma e perda da autonomia em 50% dos casos, sem recuperar inteiramente o nível de independência de antes da fratura – revela o ortopedista.
Tratamento cirúrgico
De acordo com Marcelo Cavalheiro, a fratura do quadril necessita de tratamento cirúrgico para alcançar bons resultados.
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– Pode ser tratada com fixação interna, com parafusos, pinos, hastes ou placas, ou com a artroplastia (prótese de quadril) parcial ou total. O tratamento fisioterapêutico e a reabilitação nos pacientes submetidos à cirurgia do quadril devem se iniciar imediatamente após a cirurgia. A diferença do tratamento em idosos dependerá da qualidade óssea, o que vai interferir na indicação do método de fixação cirúrgica da fratura e nos cuidados pós-operatórios – explica.
O tratamento da fratura no quadril é muito parecido para jovens e idosos. O problema é que a recuperação do procedimento cirúrgico é mais demorada em pessoas mais velhas e isso pode causar problemas graves de saúde.
– As condições de saúde anteriores ao evento da fratura associadas ao repouso prolongado e às suas consequências podem comprometer diversos órgãos, como pulmões, coração e rins, podendo levar até à morte. Por isso, é necessário minimizar as complicações associadas ao repouso prolongado, como tromboembolismo, infecção do trato urinário, atelectasia (colapso pulmonar) e úlcera de pressão. Tende-se a indicar a cirurgia precocemente, após a estabilização clínica do paciente – esclarece Marcelo.
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Prevenção
Marcelo Cavalheiro dá algumas dicas para prevenir as fraturas.
– Adequar o ambiente domiciliar, eliminando os perigos que contribuem para a ocorrência de quedas, como tapetes soltos, fios elétricos, escadas e degraus desnecessários;
– Implantar medidas de segurança, como uma boa iluminação da casa, corrimão dentro do box do banheiro e pisos e tapetes antiderrapantes;
– Combater a osteoporose, mantendo a boa densidade dos ossos, com medicações, alimentação adequada, exercícios e exposição ao sol;
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– Evitar sedativos, consumo de cafeína, cigarro e álcool, que contribuem para a osteoporose;
– Tratar os problemas de visão, equilíbrio e perda de consciência, que podem levar às quedas;
– Fazer caminhadas e exercícios físicos.