O papa Francisco pediu nesta terça-feira à Igreja uma abertura ao mundo durante a missa de inauguração, na praça de São Pedro, do Jubileu da Misericórdia e do Perdão, momento culminante de seu pontificado.
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Ao fim da missa, o pontífice abriu de forma solene e falando em italiano – e não em latim, como é tradição – a Porta Santa da basílica, que permanece fechada todo o ano.
A cerimônia teve a presença do papa emérito Bento XVI, de 88 anos. Esta foi a primeira vez na história que dois pontífices inauguraram um jubileu.
A cerimônia, na presença de 70.000 pessoas, entre elas o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e o presidente da República, Sergio Matarrella, assim como representantes diplomáticos de todo o mundo, foi exibida ao vivo pela TV em muitos países.
O papa, de 78 anos, com o rosto sério e um pouco cansado, celebrou a missa em um altar instalado diante da esplanada e para centenas de cardeais, bispos e padres, além de fiéis, muitos deles provenientes de toda a Itália.
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“Hoje, atravessando a Porta Santa queremos também recordar outra porta que, há 50 anos, os padres do Concílio Vaticano II abriram para o mundo (…). Foi um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens de nosso tempo”, disse.
Para o papa foi “um impulso missionário” para que a Igreja “volte a tomar o caminho para ir ao encontro de cada homem ali onde vive: em sua cidade, em sua casa, no trabalho”.
Francisco convidou a Igreja a recuperar o “espírito do samaritano”, para sair a proclamar a alegria do amor ao mundo, o perdão e a reconciliação.
Após o fim da cerimônia, foram projetadas imagens de distintos lugares da Terra tiradas por mestres como o brasileiro Sebastião Salgado e o francês Yann Arthus-Bertrand.
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Milhares de espectadores viram como a basílica refletia as imagens de maravilhas naturais como um deserto africano e baleias nadando no mar, mas também imagens de um ferro velho de carros e de um bosque devastado pelo desmatamento.
Com este inédito espetáculo, o papa argentino deseja lançar também um chamado ao mundo para que se comprometa na luta contra o aquecimento global, no momento no qual é realizada a conferência mundial sobre o clima em Paris.
“Salvar a Terra é também salvar os pobres”, diz frequentemente o pontífice.
‘Venceu a emoção’
Uma longa procissão de cardeais, bispos, padres, religiosos e laicos atravessou em seguida a porta, seguindo para o túmulo de Pedro, o fundador da Igreja.
“Desejava estar aqui porque trata-se de uma mensagem de paz que o Jubileu quer transmitir neste momento de instabilidade em todo o mundo”, contou Maria, uma senhora siciliana entrevistada pela televisão pública Rai News.
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“Não tenho medo, venceu a emoção”, reconheceu uma jovem estudante da ilha de Sardenha que entrou na fila para cruzar a porta santa.
O papa recordou que as pessoas que atravessam a Porta Santa durante o ano do Jubileu recebem o perdão dos pecados e a indulgência plena.
Pouco depois, pronunciou o ângelus desde a janela do palácio apostólico e durante a tarde prestou homenagem na Praça de Espanha à estátua da Virgem da Imaculada Conceição.
“Venho em nome daqueles que vem de terras distantes em busca de paz e trabalho”, disse o papa argentino, ao saudar e abraçar um por um de um grupo de idosos e doentes em meio a aplausos.
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Ano Santo ‘extraordinário’
O primeiro Ano Santo de Francisco acontece 15 anos depois do jubileu do ano 2000 convocado por João Paulo II e tem um caráter “extraordinário”, ao contrário do “ordinário”, que é organizado a cada 25 anos.
Pelo menos 21 atos foram programados com as famílias, os jovens, os diáconos, os padres, os enfermos e deficientes, os catequistas, os presos, entre outros grupos.
Francisco enviou uma mensagem particular às mulheres com o anúncio em setembro de que autorizava os padres a perdoar as mulheres que abortaram durante o ano jubilar.
Roma foi blindada pela chegada de milhares de peregrinos com quase 3.000 agentes e militares mobilizados em pontos-chaves da cidade e foram instalados mais detectores de metais e câmeras de vídeo para vigiar a esplanada de São Pedro, além de o espaço aéreo ter sido fechado.
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No dia 13 de dezembro, pela primeira vez na história, as portas santas de todas as catedrais do mundo serão abertas: pela primeira vez em sete séculos não será necessário viajar a Roma para obter a indulgência plenária.
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