Aos 25 anos, recém-completados, Welington Wildy Muniz dos Santos, o França, acredita que chegou ao fundo do poço. E quer aproveitar este momento para se reerguer. Em entrevista exclusiva ao Hora de SC e ao Diário Catarinense, o atleta revelou que vai voltar para a casa da mãe, em Bauru (SP), para “pôr a cabeça no lugar”. Depois seguirá para Curitiba com o empresário, onde quer treinar e se recuperar fisicamente para, enfim, retornar aos gramados. Disse ainda que quer voltar a frequentar a igreja.

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França agradeceu ao Figueirense. Afirmou que nenhum outro clube teria dado tanta confiança a um jogador. Declara que é o time que vestiu a camisa realmente e o que mais se entregou. Promete torcer para o Alvinegro neste Brasileirão e espera um dia voltar a jogar pelo clube. Reclamou ainda ser uma vítima de “perseguição”. Também negou que tenha problemas com álcool ou excesso de festas, mas admite que é necessário “dar uma maneirada”.

O jogador foi desligado do Figueirense após uma série de confusões dentro e fora de campo. A última foi uma briga de trânsito em que acabou atropelado e depois fugiu do hospital, que ele preferiu não comentar sobre o assunto na entrevista. Ficou alguns dias incomunicável, não falava nem com o clube, nem mesmo com o agente, Marcelo Lipatin. Quebrou o silêncio na última quinta-feira ao atender a reportagem.

— Tenho futuro. Sei que ainda tenho potencial de jogar bola e voltar a ser um jogador de alto nível, o que eu já fui. Pude chegar na Alemanha, conquistar títulos, apesar de novo. Acho que é uma parada para eu ficar centrado, dar a volta por cima e mostrar porque virei jogador de futebol — promete o atleta, que acredita estar pronto para jogar dentro de um mês.

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A mãe do França viajou de Bauru a Florianópolis para apoiar o filho. Dona Ivone Muniz dos Santos, dona de casa com 42 anos, criou França e mais dois irmãos sozinha até conhecer o atual marido, quando o futuro jogador tinha 10 anos. Ela conta que esse temperamento forte vem desde a época de criança, na escolinha de futebol. E sobre as confusões que o filho arrumou, ela não se abala.

— Para mãe é um pouco difícil, mas a gente supera. Não é tudo isso que todo mundo fala, ele é uma pessoa muito amorosa, não tenho o que reclamar dele. As pessoas que o condenam são as mais podres. Condenam ele porque ele é um jogador. Na verdade tem que falar sobre o lado dele dentro de campo, não fora — protege a mãe.

França não teve contato com o pai. Por isso, considera Lipatin como ocupante desse espaço. Diz que o agente tem ajudado muito nesse momento e espera compensá-lo por todas as situações negativas dos últimos anos. O jogador também tem uma filha de cinco anos, a Júlia. A menina mora com a mãe em Bauru, com quem o atleta foi casado por sete anos, desde os 18. Agora espera que a proximidade com familiares lhe ajude a reerguer e não voltar a produzir notícias ruins. A seguir, confira trechos da entrevista.

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Tu consideras que chegaste no fundo do poço?
Sim, pode ser. Mas como diz na Bíblia, Deus não desampara ninguém. Já estendeu a mão para mim e vai me tirar do fundo do poço. Agora eu vou para casa ficar com minha mãe e minha filha e depois vou pra Curitiba treinar na clínica onde eu treinei da outra vez quando eu fiquei machucado.

Tua mãe disse que tu és uma pessoa tímida e tranquila, mas que acaba se estourando, e aí acontecem essas situações que levaram ao rompimento do Figueirense contigo. O que acontece com o França?
Eu acho que fora de campo começou com muita perseguição. Eu não podia fazer nada, não podia andar na rua. Sempre ouvia piada ou alguém querendo me xingar. Isso acaba que tem uma hora que você diz ‘chega’, acaba revidando e acontecem brigas. Mas agradeço ao Figueirense por ter feito tudo por mim, ao presidente Wilfredo (Brillinger) por ter me segurado até onde deu, acho que nenhum outro clube faria isso.

O Figueirense é o clube que tu mais te identificou na tua curta carreira?
Sim, tirando o clube em que eu me formei, que é o Noroeste, da minha cidade, que me deu todo apoio e estrutura para eu chegar onde eu cheguei hoje. O Figueirense foi o time que eu vesti a camisa, que eu me entreguei ao máximo dentro de campo, treinando. Me identifiquei com a torcida, apesar de ser uma torcida meio bipolar, que às vezes me ama, às vezes me odeia. Mas isso é normal do torcedor, a cobrança. Desejo de coração um bom Campeonato Brasileiro esse ano. A relação com a Gaviões foi uma relação que eu nunca tive com outra torcida. Eles fizeram um grito para mim dentro do campo. Foi uma coisa bacana, mas que infelizmente termina aqui. Espero um dia, mais para frente, voltar aqui e dar alegria pro torcedor de novo.

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Acredita que tenha problemas com excesso de álcool e de festa?
Não. Eu acho que festa todo jogador faz, eu faço as minhas quando estou de folga. Não vou mentir. Beber, bebo sim, mas não tenho problema com álcool. Bebo quando estou de folga ou quando é final de semana. Acho que isso daí, quem fala tem que olhar pro próprio umbigo. Então, quanto ao álcool, eu não tenho problema algum e todos que me conhecem sabem disso.

E agora, nesta próxima etapa da tua carreira, pretende dar uma maneirada nas noites, na bebida? Como fica isso daqui para frente?
Sim. Eu conversei com meus familiares, com meu empresário, vamos traçar uma meta e eu vou dar uma maneirada, como você falou, porque eu tenho ainda mais pelo menos seis, sete anos para jogar em alto nível. Então eu acho que se colocar uma meta na minha cabeça, eu consigo voltar a jogar um bom futebol.