Não estava blefando o repórter americano Glenn Greenwald quando disse na semana passada a jornalistas no Rio de Janeiro que muitas denúncias graves – com as digitais do ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos Edward Snowden – ainda estão por vir.
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Agora, duas novas revelações irritam os governos da França e do México, aliados dos EUA.
Ontem, a dupla Greenwald-Snowden publicou no jornal Le Monde que a NSA efetuou 70,3 milhões de gravações de dados telefônicos de franceses entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013. No domingo, após publicação da revista alemã Der Spiegel, o governo do México condenou a suposta bisbilhotagem de e-mails do ex-presidente Felipe Calderón, no período em que ele comandava o país.
O caso mexicano lembra o que ocorreu com o atual presidente, Enrique Peña Nieto, que teria sido monitorado durante a campanha eleitoral, e evoca também o episódio envolvendo a presidente Dilma Rousseff – que levou à Assembleia da ONU sua irritação com os EUA e cancelou uma visita aos Estados Unidos.
As denúncias na França foram publicadas no dia em que o secretário de Estado americano, John Kerry, chegou a Paris para dar início a discussões sobre o Oriente Médio e estreitar os laços militares e de inteligência com o país chamado recentemente por Kerry como o “mais antigo aliado dos EUA”.
Obama e Hollande acordam que operações sejam bilaterais
O chanceler da França, Laurent Fabius, convocou “de forma imediata” o embaixador dos EUA em Paris. Em seguida, a administração de Barack Obama respondeu às queixas.
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– Já deixamos claro que os EUA recolhem informações de inteligência no Exterior do mesmo modo que todos os países recolhem – afirmou a porta-voz da agência, Caitlin Hayden.
É a resposta mais dura da Casa Branca a um aliado desde junho, quando a mídia começou a divulgar informações vazadas por Snowden.
Obama telefonou no fim do dia para o presidente François Hollande. O francês considerou o monitoramento uma “prática inaceitável” e pediu “que todas as explicações sejam fornecidas”. Ambos concordaram que as operações de inteligência sejam monitoradas de forma “bilateral”.