França e Alemanha lançaram uma “iniciativa comum” a ser discutida com os Estados Unidos, até o final do ano, sobre o suposto programa americano de espionagem eletrônica contra dirigentes europeus – anunciou nesta quinta-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
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– Temos relações estreitas com os Estados Unidos e nossa posição é que a parceria deve se basear no respeito mútuo e na confiança – declarou Van Rompuy, na coletiva de imprensa do primeiro dia da cúpula europeia de Bruxelas.
– A ausência de confiança pode prejudicar a cooperação na luta contra o terrorismo – destacou Van Rompuy, que convidou o restante dos países da União Europeia a aderir à iniciativa.
Segundo ele, “França e Alemanha querem buscar um contato bilateral com os EUA para encontrar um compromisso até o fim do ano” sobre as atividades dos serviços secretos.
– França e Alemanha comunicaram que têm uma resolução comum (…). Os 28 estão de acordo sobre o texto – completou, destacando que outros países podem “se unir à iniciativa”.
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Ele garantiu que o Reino Unido está “de acordo” com o texto.
Segundo o chefe do governo italiano, Enrico Letta, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, teve “uma atitude positiva”.
A enxurrada de revelações sobre os grampos praticados pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) contra líderes europeus, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, caiu como uma bomba na reunião de Bruxelas.
A maior parte dos mandatários exige que se esclareça a verdade sobre esses fatos “inaceitáveis”. “Não se espiona os amigos”, frisou Merkel.
– Esse é um assunto que não vai parar de nos incomodar, porque sabemos que haverá outras revelações – disse o presidente francês, François Hollande, em uma entrevista coletiva em separado, defendendo rapidez no processo.
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Um grupo de trabalho entre europeus e americanos chegou a ser criado, logo no início dos vazamentos confidenciais na imprensa, para debater a proteção de dados, lembrou Van Rompuy. De acordo com o presidente francês esse grupo será “reativado”.
Nesta quinta, o jornal britânico The Guardian publicou que a NSA “espionou as conversas telefônicas de 35 dirigentes do mundo após um alto funcionário americano entregar uma lista com os números”.
The Guardian cita um documento interno, no qual a NSA pede aos responsáveis de vários organismos do Executivo, incluindo Casa Branca, Departamento de Estado e Pentágono, que “compartilhem seus números de telefone e endereços eletrônicos (e-mails) com a agência”.
Ainda segundo o jornal, apenas um destes responsáveis entregou “200 números, entre eles os de 35 dirigentes mundiais”, à NSA.
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As revelações são baseadas em documentos vazados pelo ex-analista de Inteligência Edward Snowden, atualmente refugiado na Rússia.