O ministro da Saúde da França, Xavier Bertrand, recomendou que as cerca de 30 mil mulheres que têm próteses mamárias de silicone PIP as removam, “como uma medida preventiva, mas não de caráter urgente”. Os implantes, produzidos pela empresa Poly Implant Prothèse (PIP), fechada no ano passado, têm silicone industrial, mais barato, misturado ao silicone de uso clínico em sua composição. No Brasil, segundo a Anvisa, foram vendidas cerca de 25 mil destas próteses, antes da proibição de sua comercialização, em abril de 2010.
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Além de França e Brasil, pacientes de países como Venezuela, Itália, Holanda, Espanha e Portugal também foram submetidas a este tipo de implante.
Em seu pronunciamento, Xavier Bertrand frisou que a retirada das próteses é aconselhável inclusive nos casos em que, aparentemente, elas não estejam causando qualquer problema. E frisou que, embora não haja comprovação até o momento de que o uso dos implantes PIP possa estar relacionado a maior risco de desenvolvimento de câncer, a possibilidade de que possam se romper justifica a decisão.
No Brasil, José Horácio Aboudib, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), diz que a orientação continua a mesma de antes da decisão do governo francês: mulheres que suspeitem de qualquer problema com as próteses PIP devem procurar seus médicos imediatamente. As demais devem antecipar a revisão periódica e procurar seus médicos entre três e cinco anos após a realização de implante, em vez de esperar o prazo habitual de dez anos.
– Ontem conversei com colegas meus de diversos países e, até o momento, não há qualquer nova informação científica que justifique esta mudança de posição da França; tanto é que o governo da Grã-Bretanha, por exemplo, não o seguiu. O que pode ter ocorrido é pressão política por parte de grupos organizados de mulheres – diz o médico.
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Aboudib acrescenta que a SBCP está montando um cadastro nacional de próteses mamárias, organizado pela cirurgiã Wanda Elizabeth, uma iniciativa pioneira no mundo. A medida pode ajudar a descobrir se as mulheres que receberam próteses PIP no Brasil tiveram qualquer problema. Os cerca de cinco mil médicos membros da entidade serão convidados a registrar os dados de seus pacientes no sistema.
– Pelo cadastro, poderemos saber quantas destas próteses foram implantadas no Brasil, se houve complicações e de onde é a paciente, entre várias outras informações – explica.